Armando LopesColunistaEles andam por aí, silenciosos e despercebidos. Ninguém dá por eles nem, tão pouco, se apercebe de que existem. Até ao momento em que emergem do nevoeiro. Rápidos e acutilantes como um tufão: passam, arrasam e desaparecem. Deixando atrás de si um rasto de perplexidade e confusão.
São os novos incendiários da sociedade. Figuras sinistras e opacas que podem encarnar em personagens concretas ou anónimas, individuais ou colectivas. Que tanto podem assumir o rosto do Inspector-geral da Administração Interna como o dos Inspectores da ASAE. Que tanto podem agir à luz do dia como manobrar na sombra. Que vestem a roupagem do rigor e da isenção, mas têm objectivos perversos de contaminação das consciências. Que aparentam ser os zeladores da legalidade e, no entanto, deturpam, manipulam, instigam a violência, o ódio e a revolta.A perturbação da tranquilidade e da segurança, também se produz com estes protagonistas e com estas atitudes. Que, frequentemente, provocam reacções contraditórias, demagógicas e incoerentes. Jogando, habilidosamente, com a instabilidade emocional das pessoas simples, desinformadas e ingénuas. Liderando movimentos cívicos e correntes de opinião que, em lugar de esclarecer, confundem e prejudicam os aderentes indefesos. Porque nunca lhes mostram o reverso da medalha, escondendo a face mais inconveniente para os seus desígnios.Estes incendiários têm estado por detrás de lutas emblemáticas, no passado como no presente. Na contestação à coincineração e às linhas de muito alta tensão. Mas, também, em algumas decisões controversas do poder judicial e na organização de algumas manifestações sindicais ou autárquicas. Ignorando os pareceres técnicos, o bom senso, a prudência e o equilíbrio. Preconizando soluções invariavelmente mais nefastas ou menos previdentes. Que são quase sempre uma afronta, um escárnio e uma ironia. Dramatizando, pervertendo e impedindo a construção de um futuro mais próspero, mais digno e mais seguro…
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