Armando LopesColunistaaAlguns sectores da sociedade portuguesa pretendem legalizar e regulamentar a venda e consumo das drogas, sugerindo ainda a criação de salas de injecção assistida. Neste processo defende-se o consumo de anfetaminas, cocaína, base livre, crack, canabinoides, ecstasy, e heroína, sem equacionar a degradação do indivíduo e da sociedade.

Reconhece-se que as anfetaminas (também conhecidas por speed, cristal ou anfes) podem provocar taquicardia, náuseas, anorexias nervosas, redução da resistência às infecções, testículos volumosos e doridos, ataxia, desnutrição e morte. A cocaína (usualmente também denominada de coca, branca, branquinha, gulosa, júlia, neve ou snow), para além de um efeito similar ao das anfetaminas, a longo prazo pode provocar impotência sexual, bulimia, anorexia nervosa, e durante a gravidez mortalidade perinatal, aborto, e alterações nervosas no feto. A base livre (freebase) e o crack (rock, ou pedra) provocam hipertensão, arritmias cardíacas, indiferença sexual, infecções nos brônquios, paragens respiratórias e partos prematuros. Os canabinóides (também denominados por chamon, charro, chamon, liamba, erva, chocolate, tablete, taco, curro, ganza, hax, hash, maconha, óleo de haxixe, boi ou cânhamo) podem induzir ansiedade, ilusões e sensações de paranóia, assim como a diminuição da testosterona, inibição reversível da espermatogénese no homem e a supressão da LH plasmática (que pode originar ciclos anovulatórios na mulher). O ecstasy a longo prazo, pode induzir esgotamento físico e mental, depressão, arritmias, morte súbita por colapso cardiovascular, acidente cérebro-vascular, hipertermia e insuficiência renal aguda. A heroína (também com as denominações heroa, cavalo, cavalete, chnouk, castanha, H, pó, poeira, merda, açúcar, brown sugar, burra, gold, veneno, bomba ou black tar) a longo prazo tende a desenvolver afecções gastrointestinais, patologias ginecológicas (amenorreia e problemas de ovulação), abortos espontâneos e partos prematuros. A nível social, se existirem 50000 dependentes de drogas ilícitas em Portugal, (o que de acordo com o descritivo da Resolução do Conselho de Ministros n.º 46/99, já então correspondia a uma estimativa largamente minimizadora), que gastem uma média de 4 contos por dia em drogas temos um mercado com uma facturação anual de cerca de 70 milhões de contos. Reconhece-se que os toxicodependentes financiam cerca de 80% do seu consumo através do roubo e venda dos objectos roubados a cerca de 1/4 do seu valor. Isto significa que a dependência de drogas ilícitas passa por um volume de roubos da ordem dos 200 milhões de contos. A defesa da saúde e da vida dos cidadãos, assim como a tranquilidade pública, constituem deveres primários do Estado. Neste contexto, caberá perguntar se a legalização do consumo das drogas tem um efeito dissuasor, minimiza o consumo e defende a saúde dos consumidores? Autorizar e incrementar a venda e consumo de algumas drogas não implicará uma importação de consumidores (a par de um incremento de problemas sociais) para a sociedade portuguesa? A legalização do consumo de drogas não poderá traduzir tão somente mais um negócio para alguns, a par da destruição da vida, da família e da sociedade portuguesa? Aos portugueses cabe o direito de resposta.