Foi com este slogan que nos propusemos ir a votos, é com este espírito que após as eleições autárquicas continuaremos. Como membro de um Partido que se apresentou a votos e saiu claramente derrotado, tendo baixado inclusive os resultados de há quatro anos atrás, não irei aqui apoiar-me em teorias sobre possíveis factores externos que tenham contribuído para este resultado, pois não acredito nessa interferência. Tenho de reconhecer a derrota e dar os parabéns aos vencedores.

Devo aqui também os meus sinceros agradecimentos a todos aqueles (e foram muitos) que no seio do Partido Socialista deram intensivamente os seus últimos meses a esta atalha, onde se identificaram carências, onde se apontaram rumos para as suas freguesias e para o Concelho. Acredito que foram finalmente lançadas as bases, que nos permitem assegurar com tranquilidade e confiança, que nos iremos afirmar nos próximos anos como uma oposição construtiva e uma verdadeira alternativa. Sinto, pelo espírito com que vivemos e saímos destas eleições, que TEMOS EQUIPA.Sinto a necessidade de reafirmar aqui a minha forte convicção e solidariedade pelas medidas e reformas encetadas pelo Governo, e crítico veementemente todos aqueles que durante anos as consideraram necessárias, mas que ao sabor das eleições que se avizinhavam não tiveram a coragem para as encetar. Outra eleição iremos ter agora pela frente é a escolha do próximo Presidente da República, onde iremos novamente ser responsáveis pela construção do nosso futuro. Espero que o debate se centre nos problemas do País e não nos aspectos pessoais, o debate tem todas as condições para ser profícuo e permitir uma escolha ponderada. Para mim uma não escolha é sem sobra de dúvidas o Prof. Aníbal Cavaco Silva, pois foi ele o principal responsável, enquanto primeiro-ministro, para que a Educação fosse paga por todos e que violentamente mandou conter quem protestou, tal como perante o descontentamento dos polícias, voltou à carga com gás lacrimogéneo e canhões de água. Não posso votar em quem defendia que a Segurança Social não tinha sentido, e que se devia adoptar o modelo norte-americano de sistema privado, onde só quem tem dinheiro tem direitos. Tal como não posso aceitar que seja tratado como um mero número estatístico, por alguém que protagonizava uma sociedade e uma geração que fosse egoisticamente competitiva e não saudavelmente cooperativa e progressista. Não acredito em quem afirma que nunca se engana e raramente têm dúvidas, mas que permitiu manter o funcionamento do Estado português à conta de milhares de trabalhadores precários. Dez anos podem ter passado, mas o tempo e o silêncio a que se remeteu não apaga o que fez quem agora se afirma como um não politico profissional. Deixo para reflexão aos vencedores destas eleições autárquicas esta frase de Joaquim Fidalgo “Ganhar uma eleição é ter mais votos, mas não é forçosamente, só por isso, passar a ter, em tudo, toda a razão”.

Nuno PereiraRepresentante da JS na Comissão Nacional do PS