Bloco de Esquerda apresenta prioridades para as Autárquicas 2025 na Nazaré: “Com Todas as Pessoas”

Com a aproximação das eleições autárquicas de 2025, o Bloco de Esquerda (BE) assume uma campanha com ambição e urgência na Nazaré. Telma Ferreira, deputada municipal, volta a encabeçar a candidatura do BE à Câmara Municipal, sob o lema “Com Todas as Pessoas”, prometendo colocar no centro do debate político as necessidades reais dos moradores, dos mais vulneráveis, dos jovens, das pessoas com deficiência, migrantes, trabalhadores sazonais e famílias em situação de maior precariedade.
Contexto e diagnóstico local
A Nazaré vive sob governação do Partido Socialista há doze anos. Segundo o BE, esses 12 anos não foram suficientes para:
garantir habitação permanente com preços acessíveis;
conter a especulação imobiliária nem regular de forma eficaz o alojamento local, que tem expulsado famílias e jovens do concelho;
alterar a realidade de baixos rendimentos, sobretudo dos trabalhadores locais, que continuam a estar entre os mais reduzidos nas regiões Oeste e Centro do país;
oferecer respostas sociais fortes, capazes de retirar famílias da pobreza;
dar à cultura o peso orçamental que merece;
resolver problemas estruturais como o estacionamento e a mobilidade, especialmente na época balnear.
Prioridades do programa do BE para 2025
O BE propõe um conjunto alargado de medidas concretas orientadas para justiça social, sustentabilidade, transparência e participação cidadã. Eis os pontos principais:
Habitação para Todas as Pessoas
Criação de um parque público de habitação acessível em todo o concelho.
Travar a especulação imobiliária e regular o alojamento local, impondo limites equilibrados.
Estabelecer tetos máximos para as rendas, ajustados aos rendimentos médios das famílias da Nazaré.
Reabilitar edifícios devolutos e património municipal para arrendamento acessível.
Mobilidade Sustentável
Transporte público gratuito para moradores, estudantes, seniores, crianças, desempregados/as e pessoas com deficiência.
 Reforço da oferta e dos horários dos transportes urbanos e do ascensor.
Defesa de requalificação urgente da Linha do Oeste, prometida mas sempre adiada.
Clima e Ambiente
 Atingir neutralidade climática até 2030 nos edifícios municipais.
 Defesa do Parque da Pedralva como espaço verde público de excelência.
 Valorização da zona dos Caixins como a Grande Horta da Nazaré, garantindo produção local e soberania alimentar.
Direitos Sociais e Serviços Públicos
Automatizar a Tarifa Social da Água, garantindo que todas as famílias com direito a ela a recebam sem burocracia.
 Criar um gabinete de apoio a vítimas de violência doméstica no concelho.
 Assegurar mobilidade gratuita para deslocações de saúde dentro do concelho.
Cultura e Democracia Participativa
 Implementar um Orçamento Participativo para a Cultura.
 Desenvolver um cartaz cultural anual, participativo e integrador das três freguesias.
Fim das touradas no concelho: não é cultura, é violência.
 Orçamento participativo municipal de pelo menos 50.000€, com decisões abertas a toda a comunidade.
Trabalho, Economia Local e Identidade Territorial
Encerrar a empresa municipal “Nazaré Qualifica” e integrar os seus trabalhadores nos quadros da Câmara Municipal.
 Apoiar práticas agrícolas e piscatórias sustentáveis, com programas de formação para inovação e adaptação às alterações climáticas.
 Criar o Centro de Conhecimento e Cultura do Mar, que valorize a identidade local ligada ao mar e prepare o concelho para os desafios presentes e futuros.
A voz de Telma Ferreira
No anúncio da sua candidatura, em junho de 2025, Telma Ferreira enfatizou que esta será uma das campanhas mais difíceis, mas também “a mais necessária”. Para ela, aceitar este desafio significa recusar a política do medo, posicionar-se em defesa dos direitos daqueles que são empurrados para a margem, lutar por uma Nazaré justa, acessível, solidária e humana.
Além disso, a candidata destaca que o BE procura um projecto coletivo enraizado na realidade local, construído com propostas dos cidadãos. Ferreira tem no seu currículo iniciativas como a descentralização das assembleias municipais pelas freguesias, a introdução de transmissões online das sessões da assembleia e traduções para Língua Gestual Portuguesa, acções que visam mais transparência e participação democrática.
História e resultados recentes do BE na Nazaré
Telma Ferreira já foi candidata do BE à Câmara da Nazaré em 2017 e 2021 — esta será a terceira vez.
Nas eleições legislativas de 2025, o concelho da Nazaré apresentou resultados pluriníveis e uma repartição muito equilibrada entre os principais partidos: o Chega foi o mais votado com 27,49% dos votos, seguindo-se a coligação PSD/CDS com 25,93%, o PS com 25,40%. O Bloco de Esquerda obteve 2,79% dos votos, correspondendo a 214 votos no total do concelho.
Comparativamente, o BE não conquistou representação no executivo camarário nas últimas autárquicas. Nas autárquicas anteriores, os partidos PS, PSD e CDU dividiram os lugares do executivo, ficando o BE fora.
Desafios e perspetivas
Diante dos resultados legislativos recentes, em que o BE conseguiu apenas cerca de 2,79% no concelho, o desafio para as autárquicas parece ser tanto alcançar maior visibilidade e impacto como recuperar credibilidade entre aqueles que se sentem desamparados pelas políticas dos partidos dominantes.
Câmara Municipal da Nazaré
A Nazaré apresenta um cenário onde:
o Chega emergiu como força com forte expressão local;
a disputa entre PS e PSD continua acesa;
os eleitores procuram propostas concretas, tangíveis, para os problemas do dia a dia — habitação, mobilidade, custo de vida, serviços básicos.
Para o BE, isso exige não só lançar propostas arrojadas, mas demonstrar capacidade de articulação, de escuta, de mobilização popular. A campanha “Com Todas as Pessoas” pode marcar uma viragem ou, pelo menos, destacar as alternativas da esquerda num tempo marcado pela polarização política e pelo crescimento de vozes de direita.
Conclusão
O Bloco de Esquerda entra nas eleições autárquicas de 2025 na Nazaré com uma plataforma política clara: habitação digna, mobilidade sustentável, direitos sociais reforçados, cultura inclusiva, democracia participativa e valorização do território.
Mesmo sabendo que o contexto é desafiante — com resultados modestos nas legislativas e concorrência forte — o BE apresenta-se como voz de quem muitas vezes não é ouvido, propondo mudar prioridades, colocando as pessoas no centro e exigindo transparência e justiça.
A eleição autárquica será não apenas uma disputa de cargos, mas um teste: de quem estará verdadeiramente disposto a colocar a dignidade e os direitos das pessoas acima das conveniências e dos interesses de poder.