Os alunos das turmas da EB1 de São Marinho do Porto participaram numa caminhada pedagógica intitulada “CAMINHADA COM AS ALGAS” dinamizada pelo CAFanafonso – Indoor Outdoor e Natureza – com o objetivo de aliar o exercício na natureza à descoberta de toda a história do “Limo Vermelho”, alga característica da praia de São Martinho do Porto.
Ana Afonso e Ana Paula Violante guiaram os grupos de alunos, respetivos professores e auxiliares por um percurso desenhado especificamente para esta caminhada com vários postos de transmissão da história e tradição da apanha da Alga, terminando na praia com um jogo que pretendia identificar os 4 tipos de algas – Vermelhas, Castanhas, Verdes e Azuis e, em particular, a Alga vermelha conhecida por Sargaço ou nome científico de Gelidium sesquipedale.
Os alunos também ficaram a saber que Portugal tem uma longa tradição de utilização de algas marinhas (sargaço ou argaço) e limo vermelho para fertilização dos terrenos de cultivo. Esta atividade vem mencionada no foral de D. Dinis, 1308 que atribui o sargaço apanhado na área da Póvoa do Varzim aos seus moradores e é confirmado por D. Manuel, em 1515, no foral da mesma vila. No entanto, na baía de São Martinho do Porto, há 50 anos que existe a apanha da alga com outros fins bastante diferenciados. A apanha tem uma época específica que pode ser realizada entre 15 de Julho e 15 de novembro.
Todos os anos antes de iniciar a apanha, os mergulhadores mais experientes verificam o tamanho da alga e definem a data da apanha, respeitando o que a natureza dá e o trabalho do homem.
A Legislação “Regras da Apanha de alga Marinha”, no Exercício da atividade do mergulho profissional” (RAAMMP) Lei n.º 70/2014 de 1 de setembro, regula a apanha de espécies marinhas vegetais nas zonas definidas para o efeito pela Direção-Geral dos Recursos Marinhos, Segurança e Serviços Marítimos (DGRM), entre a linha de costa e a isobatimétrica dos 10 metros, com equipamentos de mergulho autónomo e semiautónomo. Esta é realizada na Zona 3A entre a Nazaré e Foz do Arelho, e tal se deve à característica da Pedra calcária vidrada que faz com que a raiz da alga permaneça na pedra para que possa crescer novamente ano após ano no seu ciclo de vida.
Já com uma vista privilegiada sobre a baía e o mar fora da barra, os alunos aprenderam um pouco sobre o ritual da Apanha – os segredos aprendidos e transmitidos ao longo dos anos e de geração em geração, Estes homens são mergulhadores semi – autónomos, o que significa que utilizam um equipamento de mergulho de circuito aberto autónomo de baixa pressão (Narguilé), encontrando-se dependentes do compressor existente no barco que recolhe ar atmosférico e o envia através de mangueiras para poderem respirar debaixo de água. Estas mangueiras são o seu “cordão umbilical”.
Uma vez no fundo prontamente começam a recolher algas para dentro de um saco de rede (Xalavar) colocado à cintura. Quando o saco está cheio, os mergulhadores dão sinal ao vigia que estão prontos para subir, dois/três puxões na mangueira e o vigia começa a recolher a mangueira, mangueira a que os mergulhadores se agarram e que durante breves instantes é também significado de descanso. Chegados ao barco, o saco cheio é colocado num guincho e recolhido para bordo, e outro saco vazio é entregue ao mergulhador, que prontamente inicia a descida. Cada mergulhador tem uma cor de saco única ou uma cor dos atilhos do saco, que não se repete no mesmo barco, o que lhes permite no final contabilizar o que cada mergulhador apanhou durante aquela jornada de trabalho.
Este vai e vem é repetido vezes sem conta ao longo de 7 a 8 horas, dependendo essencialmente da quantidade de algas existente e da força de vontade de cada homem, em média cada mergulhador apanha por dia 15 sacos, o que, consoante a capacidade dos sacos (entre os 50 e 100 quilos), dá em peso húmido cerca de 750 a 1600 quilos de algas/dia.
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