A produção da Maçã de Alcobaça faz uso eficiente da rega. Em média, 60 litros de água dão para cultivar um quilo de maçãs de Alcobaça. Em Espanha, para produzir um quilo do mesmo fruto são precisos 250 litros de água.
“Somos a região da Europa, claramente, que usa menos água para fazer um quilo de maçã e que usa menos água para fazer uma maçã”, disse à agência Lusa o presidente Associação de Produtores de Maçã de Alcobaça (APMA), Jorge Soares, estimando que no cultivo do fruto sejam usados em média 60 litros de água por quilo, quando em Espanha esse valor sobe para 250 litros por quilo e na Argentina para 350 litros por quilo.
Reconhecendo que os verões amenos e as baixas temperaturas geram uma “diferenciação climática que permite isso”, Jorge Soares vincou que a redução do consumo de água nas explorações de maçã se deve à tentativa dos produtores de serem “resilientes” e lutarem “contra a escassez de água” no território, onde apenas “5% dos pomares beneficiam de dois a três regadios públicos”.
Na base da redução da quantidade de água consumida na produção do fruto está um sistema de controlo eficiente da rega dos pomares, através de sondas colocadas no subsolo e ligadas a estações meteorológicas.
“Temos uma estação meteorológica que está colocada junto das macieiras, propositadamente, para conseguirmos perceber quais são as condições a que as macieiras estão sujeitas ao longo do dia, tanto de vento como de radiação, temperatura, precipitação”, explicou à Lusa o técnico Ricardo Soares, acrescentando que, através dos sensores, este mecanismo “indica qual é que é a evapotranspiração, ou seja, a quantidade de água por metro quadrado que evapora da macieira”, o que permite ao produtor “fornecer a quantidade exata de litros por árvore”, acabando com o desperdício.
“Queremos estar na primeira linha da redução e do uso eficiente da água”, afirmou Jorge Soares, sublinhando que os produtores conseguem hoje, face à geração anterior, “usar para produzir a mesma maçã cerca de um quarto da quantidade que se usava”, ou, cerca de 1/6 comparativamente a países da América Latina que colocam maçã nos mercados nacionais.
Na senda da eficiência hídrica, a associação tem já em experimentação um sistema inteligente que avalie, no futuro, o crescimento e qualidade do fruto e que determine as quantidades e horas de rega adequadas.
A APMA, que junta 22 organizações de produtores, criou também este ano “o chamado clube técnico, em que todos os técnicos de todas as organizações fazem parte de um fórum e de um espaço de partilha de conhecimento” visando, segundo Jorge Soares, “acelerar um processo de racionalização da produção” e alcançar dois objetivos comuns: ter melhores maçãs e proteger o ambiente.
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