Região da Nazaré: Por que razão decidiu avançar com uma candidatura à Câmara Municipal da Nazaré?
Telma Ferreira: O Bloco tem um deputado eleito na Assembleia Municipal desde 2005. É nossa responsabilidade criarmos as condições para que o Bloco continue a ser uma alternativa no nosso concelho, que consiga aumentar a sua representação nos órgãos deliberativos da autarquia, para que possamos intervir com maior capacidade e darmos à população uma resposta à esquerda, que de facto coloque as condições de vida das pessoas no primeiro plano.
Região da Nazaré: O que acha que o executivo da Câmara (PS) deixou por fazer nestes oito anos à frente do município da Nazaré? Quais as propostas mais relevantes que pretende fazer nos próximos quatro?
Telma Ferreira: O executivo PS deixou muito por fazer, tendo em conta também o que foi prometido à população. “Prometemos Cumprimos” caiu por terra assim que a maioria absoluta ganhou vida. Estamos num momento de respostas que não podem ser adiadas, as respostas à crise que a pandemia despoletou e as respostas de combate às alterações climáticas. Esta coragem de colocar as prioridades certas em cima da mesa só pode ser conseguida com uma política de esquerda. O município da Nazaré é o que gasta menos na defesa do ambiente, 0,4% em 2019, o menor investimento do país, o PS pode investir muito na marca Nazaré, mas do que serve à população essa internacionalização se o investimento em áreas fundamentais é o pior do país. O Bloco defende medidas concretas de intervenção urgente no combate à crise e no reforço do serviço público, na dignificação do setor primário, na promoção do trabalho com direitos e de uma autarquia que seja o exemplo da precariedade Zero, na luta pelo clima, no reforço dos transportes públicos e sua acessibilidade, na reabilitação da ferrovia, na criação de parques de bicicletas, no direito à habitação, na cultura para todos, na luta pela democracia e transparência, defender uma escola pública mais inclusiva. A proposta do Bloco de Esquerda para que os manuais escolares fossem gratuitos no ensino obrigatório, foi uma medida fundamental, mas ainda temos lutas importantes por conquistar, como as creches públicas e o reforço de operacionais para as crianças com necessidades especiais.
Região da Nazaré: O que pretende fazer para fixar a população no concelho da Nazaré e captar empresas e indústria? E para valorizar o comércio tradicional?
Telma Ferreira: A criação de parques de habitação pública com rendas acessíveis em todo o concelho é a única forma de combater a especulação imobiliária, que transportou o preço das casas a valores incomportáveis para uma pessoa que receba um salário mínimo. É fundamental desenvolver uma estratégia de contenção e dispersão do alojamento local, porque a estadia temporária não pode sobrepor-se à oferta pública de habitação. É inaceitável o estado de abandono da habitação social da Nazaré, desde a sua inauguração em 1999 as casas nunca foram reabilitadas. É prioritário também que a reabilitação do espaço urbano, dos edifícios abandonados, dos espaços de lazer e as casa de banho públicas, respondam às necessidades da população com mobilidade reduzida. Só com investimento no setor primário e na dignificação destes profissionais, na promoção do comércio local, na oferta cultural, no reforço dos serviço públicos, na promoção do trabalho com direitos, podemos seguir um caminho para a fixação de população mas também de novas empresas. O Bloco de Esquerda levou ao parlamento uma proposta de reabilitação das feiras e dos mercados municipais, PS e PCP, votaram contra esta proposta, agora Walter Chicharro diz que é a prioridade se for reeleito, mas o seu partido chumbou essa requalificação na Assembleia da República.
Região da Nazaré: Estamos ainda a viver uma pandemia. Avizinham-se tempos muito difíceis, com uma crise económica. O que pretende fazer na área social, no concelho, para ajudar as pessoas e as empresas?
Telma Ferreira: Em primeiro lugar é urgente que seja implementada a proposta que foi apresentada pelo Bloco de Esquerda na Assembleia Municipal, de automatização da tarifa social da água e resíduos, foi aprovada por unanimidade, mas está bem escondida na gaveta. É um apoio direto que vai ajudar muitas famílias carenciadas. É fundamental facilitar o acesso ao fundo de emergência social criado pela autarquia, o nível de burocracia exigido é excessivo e vai prejudicar o acesso aos apoios de muitas famílias associações e empresas. É fundamental o reforçar os serviços públicos, transportes municipais gratuitos para estudantes, desempregados, pessoas com idade acima dos 65 anos, para deslocações aos serviços de saúde e distribuição de medicamentos, criação de um gabinete contra a exclusão, que promova uma intervenção autárquica inclusiva, plural, capaz de fazer da diversidade e na igualdade de direitos a sua cor, a sua luta.
Região da Nazaré: Quais as suas expetativas em relação ao resultado? O que é para si um resultado razoável ou ideal?
Telma Ferreira: O Bloco de Esquerda vai bater-se em todas as suas candidaturas para que consiga aumentar a sua representação nos órgãos deliberativos. Os níveis de abstenção são assustadores, é importante que a população não deixe de acreditar que é possível mudar o rumo das nossas vidas. O Bloco de Esquerda apresenta-se para fazer a Luta Toda.
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