Como exemplos da atuação indevida, o BE aponta a colocação no Atrium Manuelino (junto à capela) de uma banca da paróquia para venda de materiais; aplicação de uma porta de vidro à entrada da capela; implementação de sinalética com regras de funcionamento alheias à direção do Mosteiro; cobrança individualizada aos visitantes na sacristia nova indisponível para visita devido a utilizações forçadas pela paróquia; aplicação de velas na sacristia nova e em proximidade de uma importante coleção de estátuas de terracota, com estruturas em talha dourada autêntica, que gerou danos patrimoniais; após a indicação de que estavam a ser realizados esforços para restaurar os sinos da igreja, a paróquia tomou a iniciativa de os tentar reparar autonomamente, tendo esta ação colocado em risco a integridade do património e a segurança dos cidadãos no interior do edifício; na noite de todos os santos, em 2014, decidiram eliminar a população de pombos no interior da igreja, utilizando armas de fogo para o fazer, colocando em risco a integridade do património; e a sacristia velha é local de prática de exorcismos com cobrança.
A confirmarem-se estas suspeitas, o que exige a abertura de um processo de averiguações, o Bloco de Esquerda considera urgente a tomada de medidas que garantam a segurança deste património, nomeadamente através da limitação e controlo do acesso ao Mosteiro, assim como o apuramento de eventuais responsabilidades pelos danos causados.
O Bloco de Esquerda quis saber se a tutela tinha conhecimento do conjunto das situações descritas e as medidas estudadas para corrigir a situação.
O Património da Humanidade (1989), começou a ser construído em 1178 e teve acréscimo de edificações entre os séculos XVI e XVIII.
Foi o primeiro ensaio de arquitetura gótica em Portugal e é um dos mais impressionantes exemplos da arquitetura de CISTER da Europa, tendo sido projetado à imagem da antiga Abadia de Claraval, em França, que foi desmantelada após a revolução francesa.
Trata-se de monumento cuja importância tem sido crescentemente reconhecida a nível internacional, quer do ponto de vista turístico e cultural, quer do ponto de vista técnico-científico, como é exemplo o Encontro Internacional de Abadias Cistercienses, que já caminha para a 4ª edição.
O Mosteiro de Alcobaça sofreu de falta de investimento público na sua manutenção durante bastante tempo, tendo algumas das suas instalações sofrido uma elevada degradação, o que serviu de justificação para a implementação de um hotel de luxo, do Grupo Visabeira, a quem o uso do espaço foi concessionado por um período de 50 anos, com uma renda de 5 mil euros por ano, equivalendo a 417€ mensais.
No interior do Museu, a capela Senhor dos Passos, é de utilização diária pela paróquia de Alcobaça, a cargo do padre Ricardo Cristóvão.
Também a sacristia nova, lugar de elevada fragilidade, onde o número de visitantes em simultâneo está limitado a grupos de 20 pessoas, está cedida para utilização da paróquia apenas em situações excecionais.
Em sua defesa, o padre Ricardo Cristóvão, em declarações ao DN, fala em desvio das atenções do que é realmente grave.
“É uma tentativa de esconder a medida que, entretanto, a Direção do Mosteiro quer por em prática: que os visitantes comecem a pagar para entrar na Igreja, desde que não sejam fieis a participar em cerimónias religiosas. E isso é que me parece muito grave”.
Sobre as acusações de práticas de exorcismo, o pároco garante que “essas acusações não têm qualquer sentido. O que faço é: recebo as pessoas, individualmente, e converso com elas”, falando em questões políticas para justificar o que se está a passar em relação a si”.
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