“A continuar como está não tenho dúvida que vai ser uma razia”, disse António Hilário, presidente da ACISN, referindo-se à falta de poder de compra dos consumidores, à carga de impostos sobre os empresários e à fuga de pessoas da Nazaré.
“Quem comprava no comércio local está a sair, à procura de soluções para a sua vida. A Nazaré não fixa pessoas. E vivendo nós do resto do país, de quem nos vem visitar, também iremos sofrer com isso, ao nível do volume de negócios”, refere aquele responsável.
Com a época de saldos quase a terminar, muitos comerciantes passam dias sem faturar. À falta de clientes e de vendas, muitos optam por encerrar, enquanto outros tentam a sorte no comércio, abrindo novos negócios pela vila.
Ao nível dos associados, não houve registo, no início do ano, de mais encerramentos, mas passando pelas ruas e lojas há muitas montras vazias.
“Se o estado não der volta a isto, vai ser um desastre”, é a convicção de António Hilário.
Sobre os benefícios da onda surfada por McNamara, no início deste ano, para o comércio tradicional, António Hilário diz que ainda não sentiu a mais-valia da projeção internacional alcançada pela proeza do surfista norte-americano.
Para o empresário, as ondas grandes da praia do norte poderiam trazer mais benefícios, se se fizessem algumas apostas, como “a informação sobre o fenómeno do canhão da Nazaré, que proporciona o espetáculo, comércio relacionado com o projeto no local e balneários”.
“Esclarecer quem visita o local sobre a formação das ondas grandes, e tirar maior partido da promoção mundial que está, ainda em curso depois de Garrett ter surfado mais uma onda de grandes dimensões”, são condições essenciais para tirar proveitos desta onda de promoção mundial, refere António Hilário.
“Há que arranjar forma de esclarecer, no local, que nos visita sobre o fenómeno da formação da onda, como quando é ele acontece, para evitar que saiam de cá dececionados, e sem uma única recordação da Nazaré, relativa ao fenómeno”, remata.
Tal como a associação comercial, também o vereador na oposição da Câmara, António Trindade, afirma que ainda se tiram poucos benefícios comerciais localmente com a promoção mundial à onda surfada por Garrett McNamara.
“Ao contrário do que vejo em Peniche, com o Campeonato de Surf, em que vê que a economia local funciona, aqui assistimos ao encerramento de estabelecimentos”, diz o vereador.
Apesar de reconhece que a onda que McNamara surfou é “significante para a promoção da nazaré”, o vereador considera que “a nível local, tenho dúvidas que tenha contribuído para benefícios no comércio”.
Já Belmiro Fonte, vereador do PSD na Câmara, e presidente da Comissão Política do PSD da Nazaré, considera que projeto North Canyon “trouxe à Nazaré, e consequentemente a Portugal, uma notoriedade nunca antes atingida”.
Para o social-democrata não se trata de projeto acabado mas antes de um processo em constantemente evolução, pelo que “o papel do Município deve ser aglutinador das vontades e das iniciativas privadas para, em conjunto, exponenciar as mais-valias que a promoção do Concelho da Nazaré tem obtido com as ondas da nossa praia do norte”.
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