Os representantes dos pescadores e a Mutua (maior seguradora destes profissionais) consideram que o aumento das quotas de pesca “vai ter impacto positivo na zona”, devido à subida da quota da pescada e do carapau, “espécies capturadas em volume significativo nas lotes da Nazaré e Peniche”.
Todavia, e apesar do aumento das quotas conseguido por Portugal nas negociações, João Paulo Delgado refere que há questões de base, no setor, que ainda estão por resolver e, como tal, alguns aumentos não refletem, de imediato, ganhos para o setor, referindo-se ao tamanho das espécies capturadas e aos preços praticados na lota.
“Como reclamamos há bastante tempo, não basta subir a quota em termos percentuais. Importa fazer uma reflexão de fundo sobre a problemática do tamanho do carapau que pode ser capturado, nomeadamente pela arte xávega”, disse.
João Paulo Delgado refere que “uma coisa é capturar o carapau através da arte do cerco, outra pela arte xávega”, adiantando que mesmo que o carapau mais pequeno queira sair, a malha da rede (xávega) não o permite. Seria, por isso, positivo que se abrisse debate com os profissionais deste setor sobre esta matéria, que acaba por causar distúrbios entre estes profissionais e as autoridades marítimas, com a obrigatoriedade de devolver ao mar as espécies mais pequenas. Acontece, porém, que estas espécies não têm, depois de capturadas, qualquer hipótese de sobrevivência no mar”.
A juntar a estas dificuldades, “os baixos rendimentos dos pescadores, a primeira venda em lota e a ausência de contratos de trabalho, inviabilizam maior abertura dos profissionais do setor para pensar no quer que seja relativamente a medidas que têm, por exemplo, em vista o equilíbrio ecossistema”, remata João Paulo Delgado.
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