De reuniões camarárias exageradamente demoradas, cheias de ataques da ex-oposição a roçar o deselegante, com acusações de mau governo e péssimo uso de dinheiros públicos, de constantes acusações de manipulações e malfeitorias feitas ao chefe do executivo, passamos a agendas de Câmara cumpridas em 1 hora e a, pasme-se, total unanimidade e convergência de opiniões dos outrora desavindos e inimigos fidagais.Quanto aos actores, à cabeça o homem que tem conduzido os destinos do concelho nos últimos 17 anos e que ao fim destes 4 mandatos e mais um ano, resolve concluir e declarar aos sete ventos, em entrevista recente e estrategicamente “arranjada”, que “é já tempo de deixar a discussão e passar à acção”.É essa ilusão que foi “vendida” aos tais vereadores ex-PS, a ilusão de que farão parte de uma equipa que levará a Nazaré directamente para o século XXII, com muita obra e realização, com lugar assegurado na história, naturalmente com a motivação de um ordenado largas vezes acima do ordenado mínimo nacional e uns quaisquer pelouros adaptados às capacidades de cada um destes, após reflexão de mais de um mês desde o acordo para “uma plataforma de entendimento para bem do município”.

Falemos verdade.Será que a autarquia nazarena deixou de ter 25 milhões de euros de dívida?

Será que a autarquia nazarena deixou de ser das piores classificadas em vários rankings financeiros segundo o último Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses?

Será que a autarquia nazarena deixou de ser a pior pagadora das Câmaras do Distrito de Leiria?

Porque foram votadas de forma diferente os tarifários de água,saneamento e resíduos sólidos pelos vereadores ex-PS antes e depois da entrega de pelouros?A decisão de retirada da confiança política aos vereadores eleitos em listas do PS pela Comissão Política do PS Nazaré, foi largamente apoiada pelo povo anónimo, pelos militantes e simpatizantes socialistas, e por todos os que se envolvem nas questões políticas, o que por si só já é suficiente reconhecimento da justeza da decisão.

Não derivou da aceitação de pelouros qualquer mais-valia para o concelho. Pelo contrário, não há cenário igual ao da Nazaré em qualquer outro município.

A título de exemplo existem executivos camarários de cidades portuguesas com 5 vereadores com pelouros. Na Nazaré faz-se o impensável, pelouros para os 7, ainda que vários vereadores não tenham possibilidade de decisão já que dependem directamente do Presidente da Câmara.Sou apologista de que, a bem do concelho, em 2013 são necessárias estruturas partidárias fortes, com capacidade de criarem reais alternativas de desenvolvimento.

Porque merecemos melhor que esta unanimidade podre, do que este compadrio de interesses, interesses que não são os verdadeiramente importantes para o bem-estar da população.