Sylviane Lehuby encontra no mar aquilo que os outros não vêem e cria formas de vida em artesanatoTânia RochaSão objectos que o mar devolve ou coisas que pertencem à Mãe Natureza. Sylviane Lehuby recolhe objectos na praia, surgem-lhe imagens e transforma esses objectos em arte. É francesa, mas vive na Nazaré há cerca de 30 anos. É uma fugitiva da rotina, apaixonada pelo mar e pelas coisas que Natureza lhe oferece.
Sylviane Lehuby foi professora primária em França e agora é comerciante de artesanato na Nazaré. Adora passear à beira mar, enquanto anda pela praia cruza-se com objectos, que para muitos não são mais do que algo banal, mas que para ela é o essencial para criar peças únicas. A essência da sua obra forma-se com pedras, pedaços de madeira e outras matérias que vai recolhendo, enquanto vagueia pelo areal. Depois de apanhá-los, transforma-os em algo que imagina. Sylviane Lehuby diz que quando olha para um pedaço de madeira, esse pedaço de madeira “fala” com ela, dita o que ela vai fazer. Apanha coisas na praia que transforma por gozo. Não se classifica como artista, porque trabalha com muitos materiais e faz muitas coisas diferentes. Porém, de um pedaço de madeira faz nascer um pássaro ou faz navegar um barco numa bonita tela pintada de azul. De vulgares madeiras, cujas origens ou tipos desconhece, faz pássaros tomarem forma, faz girafas ganharem vida, faz peças únicas de grande imaginação. Sylviane Lehuby diz que “vai à praia e apanha madeiras”, não o contrário, porque não trabalha na praia, “vai passear na praia”. Recolhe materiais em qualquer praia, mas maioritariamente são as praias não vigiadas e menos limpas que são mais ricas nestes potenciais materiais. Depois de consegui-los, juntamente com outros materiais, como o ferro ou a cerâmica dá-lhe uma nova imagem, renovada e criativa. Além da transformação destes materiais, Sylviane Lehuby pinta, faz cerâmica e também trabalha em fotografia. Diz que, sempre fez e que faz muitas coisas, todas relacionadas com a natureza. Quando lhe perguntavam o que fazia, Sylviane Lehuby respondia “faço tralha”. “Tralha” que é muito apreciada, especialmente por estrangeiros ou pessoas do norte do país. São poucos os nazarenos que conhecem o seu trabalho. Alguns, quando vêem algumas das suas peças gostam, mas não compram. Reforça que os seus trabalhos têm muitas visões e significados diferentes. O que para muitos pode ser um simples pedaço de madeira, para outros são peças únicas, admiráveis. Faz as suas peças com prazer e emoção. Aproveita tudo o que pode ser algo diferente, mas mantém o seu espírito natural. Sylviane Lehuby é comerciante na Casa Alcôa, na Nazaré, desde Julho de 1980. O seu estabelecimento, ou “o seu pequeno mundo”, como classifica, é partilhado por pessoas de todos os cantos do mundo. Defende que a sua loja é uma das mais conhecidas do país em artesanato. É o seu mini mundo onde os valores são diferentes, onde as coisas que a natureza oferece podem se tornar num objecto único, onde se vivem diferentes experiências estéticas.
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