Armando LopesColunistaEles andam por aí. T-shirt e calções coloridos. Chinelo no pé. Lancheiras e sacos atafulhados na mão. Invadindo as nossas praias durante os meses de verão. Num vaivém constante e interminável. Há mar e mar, há ir e voltar…São os turistas ioiô que vêm e vão como as marés. Mas não vêm sós. Trazem consigo um pedaço de sombra, debaixo do braço. Na forma de um guarda-sol que lhes garante protecção e abrigo. Que o aluguer de barracas custa os olhos da cara e não vá o sol tecê-las.
Então é vê-los, estrada abaixo, à procura de um espaço reservado e exclusivo na areia dourada. Com direito a mar, a brisa e a todos os benefícios que a praia dá. Provavelmente, isento de taxas e impostos. Por isso, bem podem as banheiras afadigar-se, de norte para sul e de sul para norte, ao longo da marginal. O areal imenso está ali à espera deles, disponível e de borla.É assim o “proleta” nacional. Vivaço, matreiro, pelintra, bazófia e gabarola. O verdadeiro “tuga” tem esta atracção ingénua pelas aparências, pelo logro, pela esperteza saloia. Aquilo que poupa num lado é capaz de o esbanjar no outro. Mas é feliz à sua maneira ou, pelo menos, aparenta sê-lo.Entretanto, os chapéus-de-sol parecem cogumelos a brotar da areia. Anarquicamente, desordenadamente, como uma imensa plantação feita ao sabor do acaso. Numa contestação silenciosa à exploração e à carestia da vida…
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