Opinião:Desde o aparecimento, o futsal tem-se revelado um desporto capaz de prender a atenção de miúdos e graúdos transversalmente desde os escalões infantis até aos seniores. O desenvolvimento da modalidade aconteceu de uma forma exponencial, sendo que nos dias que correm é considerada a segunda actividade desportiva com mais adeptos e praticantes em Portugal. No distrito de Leiria o desenvolvimento tem acompanhado o “agigantar” desta modalidade, em particular no que às camadas jovens diz respeito. Nestes escalões, Leiria está quantitativa e qualitativamente ao nível do que melhor se faz pelos pais. A provar está a presença assídua das selecções distritais nas finais das provas disputadas, tidas sempre como das equipas mais fortes e potenciais candidatas aos troféus. Bem como, as prestações dos campeões distritais de juvenis e juniores nas respectivas provas nacionais.
Esta demonstração de qualidade não é, evidentemente, fruto do acaso. É ao invés, o resultado de um trabalho meticuloso, estruturado, muito sério e dispendioso feito pelos clubes. Aqui investe-se na formação dos jovens atletas, sempre com uma perspectiva de médio longo prazo. Perspectivada assim, ao mesmo tempo que faculta os resultados que todos já conhecemos, a formação garantirá em principio, a continuidade de surgimento de atletas com um nível elevado, que é o mesmo que escrever, o garante da manutenção dos bons resultados.Paradoxalmente, este caminho que tão bons resultados produziu até aqui, está enfermo de uma atitude completamente antagónica por parte de alguns clubes, que merece alguma reflexão.Na senda do êxito imediato, algumas equipas inclusive de divisões inferiores, estão a apostar forte no escalão sénior, remunerando jogadores com salários “irresistíveis” para jovens. Conseguem desta forma apresentar equipas fortes sem um único jogador proveniente das camadas jovens do clube. Fazem um desinvestimento claro nas várias etapas de crescimento dos atletas, optando por direccionar essas verbas para celebrar contratos com jogadores em fase final de formação, deixando esse ónus aos demais.
Esta situação tem como consequência imediata um mau estar que se instala nas relações institucionais entre clubes. Clubes que investem na formação não podem ver com bons olhos o aliciamento de atletas para um rival que neles não despendeu um euro.
A longo prazo, esta atitude pode colher frutos desastrosos. Necessariamente se não for travado este tipo de comportamento, estabelecer-se-á uma relação causa-efeito, onde os clubes formadores acabarão por necessidades competitivas focalizar atenção no escalão sénior, descurando as camadas inferiores e colocando em risco todo o bom trabalho de anos. Isto acarretará invariavelmente um decréscimo quantitativo e qualitativo que ninguém por certo desejará. Uma solução para este problema passaria por produção legislativa. Urge legislar no sentido de possibilitar aos clubes formadores, uma blindagem contra este tipo de prática. Uma proposta fica no ar: qualquer equipa a competir no escalão sénior deve ser obrigado por lei, a ter um número mínimo de atletas inscritos nos demais escalões jovens.Esta medida em si não encerra a solução para o problema, mas tem o condão, quiçá, de sensibilizar os diversos intervenientes para uma prática “saudável”.Importa que dirigentes, técnicos, atletas e adeptos reflictam sobre esta caixa de Pandora que paira sobre o futsal e em conjunto ser definida uma solução que por certo trará um sol ainda mais radioso a esta modalidade no nosso distrito.Rogério Paulo Serrador, Treinador Juniores e Juvenis C.C.D.S. Casal Velho
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