Manuel PiresComercianteOs contornos que o próximo acto eleitoral da Confraria de N. Sra. da Nazaré tem assumido não me permitem que fique calado perante um desenrolar de afirmações e atitudes, cujo objectivo único é o de “dividir para reinar”. Só não o vê quem for cego ou não quiser ver.Aproveita-se a vulnerabilidade das pessoas, prometem-se empregos, acede-se a pedidos, usam-se informações completamente ultrapassadas, assumem-se compromissos que, à partida, se sabem impossíveis de cumprir, e, estranhamente, promete-se fazer até o que já está feito. Trata-se da conhecida filosofia de “não olhar a meios para atingir fins”.Pergunto-me: que forças movem estas pessoas? As da generosidade? Da abnegação? Do amor ao próximo? Só pode ser, uma vez que defendem que a “A Confraria tem que ser um bem para a comunidade, sempre dentro de um espírito cristão”. Mas que “espírito cristão” terão em mente? Apenas o que radica na religião e não contempla qualquer moral? Ou uma espécie de “espírito cristão” que até lhes dá o direito de excluir os que não consideram cristãos?
Talvez seja pelo facto de estarem imbuídos desse “espírito” que se permitiram jogar com as palavras, dizendo que têm a felicidade de ter consigo o Reitor do Santuário e Pároco da Nazaré, como se o prestígio e o exemplo do Senhor Padre lhes pertencessem exclusivamente. Então, o nosso Pároco não estaria e não colaboraria com outras pessoas que estivessem à frente da Confraria? Claro que sim, e eles bem o sabem, até porque o ministério do sacerdócio exige isenção e, tal como afirmou recentemente o Papa, a Igreja tem que estar aberta às mudanças do mundo, devendo responder aos anseios de todos. A Confraria é uma instituição religiosa e, como tal, o papel do Pároco é vital no sei seio, quaisquer que sejam os membros da sua administração e, por isso, sabemos que todos os nazarenos terão a felicidade de o ter consigo.Impõe-se ainda que se lembre aqui que, pela diversidade de públicos e de instituições com que trabalha, a Confraria não pode dar-se ao luxo de ter à sua frente pessoas que já provaram suficientemente a sua incapacidade de gerar consensos. É insensato e perigoso entregar a pessoas conflituosas a chefia da Confraria, pois da sua estabilidade e da dos que nela trabalham dependem o seu funcionamento e o serviço que presta à comunidade. A colaboração com a Câmara Municipal e com as outras entidades concelhias, distritais e nacionais é tão desejável como indispensável, o que obriga a que se unam todos os esforços e se evitem perdas de tempo e energia com rixas e confrontos pessoais que não aproveitam a ninguém.Na qualidade de Irmão da Confraria de Nossa Senhora da Nazaré, Instituição que muito respeito e por cujo trabalho sinto a maior admiração, tenho o dever de me insurgir contra quem a pretende usar ostensivamente como 2arma de arremesso” numa luta política que nada tem a ver com o espírito de serviço humano e social que sempre deverá presidir à Confraria. È por isso que me dirijo a todos quantos podem ter uma palavra a dizer em defesa da dignidade desta casa, do seu bom-nome e do seu futuro: não se deixem enganar por vãs promessas, não deixem que as vossas decisões sejam influenciadas por quem não tem o menor pejo em trair o que considera serem as suas próprias convicções. Abram os olhos, pois na hora de eleger, é preciso realmente não esquecer quem tem contribuído para a dignificação da Confraria de Nossa Senhora da Nazaré.
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