EDITORIAL 124Se o sector das pescas está a atravessar um longo período de crise, sem resolução à vista, a verdade é que também a indústria cerâmica, com longa tradição na região, não está folgada.Se o Programa Operacional para a Pesca 2007-2013 prevê candidaturas para a reparação e remodelação de embarcações, deixa de fora o tão desejado aumento de captura de peixe.
A pesca artesanal vai ficando cada vez mais abafada pelo controlo da pesca industrial que vai fazendo desaparecer o peixe da costa, do mercado e do nosso prato, deixando o pescador cada vez mais à mercê das regulamentações da União Europeia. Aqui, onde a pesca vai diminuindo, ano após ano, chegou também a crise ao prato, ou melhor, àqueles que o produzem e, até agora, levavam o nome da nossa cerâmica além fronteiras.Após as tão esperadas férias de Verão, muitos são os trabalhadores da SPAL que não vão reocupar os seus postos de trabalho. A aposta em mercados emergentes, depois da perda dos EUA enquanto comprador, ainda não deu os frutos esperados e esta grande empregadora da zona não vai poder garantir trabalho e pão a tantos funcionários…Apesar de não vivermos em tempo de guerra, a sobrevivência vai-se tornando, para muito portugueses, um milagre difícil em cada dia que passa.Recordando o episódio bíblico da multiplicação dos pães e dos peixes, seria caso para dizer que só com a multiplicação dos pratos (e dos seus compradores) e dos peixes (espécies e quotas) é que poderíamos encarar o futuro com mais esperança.Enquanto este milagre não acontece, há pessoas que se organizam e que dão corpo e voz à solidariedade. São essas pessoas que, em Alcobaça e na Nazaré, fazem com que em cada dia haja o pequeno milagre de sermos nós sendo o outro. A todos esses homens e mulheres que se repartem dando de si aos outros e, em especial, à recém-empossada Cruz Vermelha (Delegação da Nazaré), o nosso bem-haja!




0 Comentários