João Caçoila ao lado da âncoraCarlos BarrosoJoão Caçoila, pescador em São Martinho do Porto, estava longe de imaginar que as suas artes de pesca tinham ficado presas por causa de uma âncora com quase de dois metros de altura.O achado arqueológico marítimo, datará de finais do século XIX, início do século XX, e terá pertencido a uma embarcação de grande porte dessa época, foi encontrada a 25 metros de profundidade, ao largo do Facho de São Martinho do Porto, quando o pescador de artes de pesca de covos, pesca artesanal e de apanha de algas, tentava reaver as suas artes.Depois de ter deixado os covos na água, e passada a tempestade, João Caçoila decidiu levar as artes, mas por diversas vezes tentou e não conseguiu, pensado que as armadilhas tivessem ficado presas nas pedras do fundo do mar.

Quatro dias depois pediu ajuda a um colega de São Martinho do Porto, que tem uma embarcação maior, mais potente e equipada com um guincho de grandes dimensões e que está fundeada no porto de abrigo da Nazaré, para reaver as artes de pesca.Qual não foi o seu espanto, quando se deparou que agarrada às artes de pesca, vinha também uma âncora com mais de dois metros e cerca de duzentos quilos de peso.“A âncora é tão pesada e grande que nem a embarcação do meu colega a conseguiu iça-la para fora de água”. Foi, por isso, “arrastada até ao cais de São Martinho” até onde ficou. Na passada terça-feira à tarde, foi puxada para terra com a ajuda de um guindaste do Clube Náutico. Com esta descoberta, João Caçoila comunicou de imediato à Polícia Marítima o que havia pescado uma âncora centenária. Dado o seu aspecto oxidado e corroído, o ferro, que se supõe ser do tipo “almirantado”, poderá ter pertencido a uma embarcação de grandes dimensões que antigamente fundeavam ao largo da Baía.O comandante, Pais Neto, da Capitania do Porto da Nazaré informou do achado ao Museu da Marinha, que dias mais tarde datou o objecto de finais do século XIX, início do século XX.O Museu da Marinha, concluiu também que tem no seu espólio outras âncoras, do mesmo tipo, em melhor estado de conservação.Satisfeito com a decisão ficou João Caçoila, o pescador que encontrou a velha âncora e que já solicitou à Junta de S. Martinho que o achado seja colocado numa das rotundas da vila, como forma de homenagear a arte da pesca. “Devia de ficar exposta numa rotunda à entrada de São Martinho do Porto. Esta Vila também já foi uma terra de pescadores, porque os pescadores da Nazaré antes de terem o porto de abrigo, tinham aqui os seus barcos. Era uma boa homenagem ter esta peça de arte aqui”, declarou.Aos 49 anos de idade e outros tantos de pesca no mar, João Caçoila nunca tinha encontrado no mar qualquer peça arqueológica, assim como não há registos de qualquer tipo de achado na freguesia de São Martinho do Porto, onde esta âncora foi motivo de rumaria por parte de outros colegas de faina.