Estão previstas novas formas de lutaDavid Mariano A Agência Portuguesa do Ambiente (APA) emitiu no passado dia 8 de Janeiro (a data anterior prometera o anúncio para 24 de Dezembro) a Declaração de Impacte Ambiental (DIA) favorável ao traçado de Alta Velocidade no troço Alenquer/Pombal para a ligação ferroviária entre Lisboa-Porto e que prevê a localização da Estação de Leiria a Poente (na zona da Barosa). Segundo comunicado na página oficial da RAVE (Rede Ferroviária de Alta Velocidade), esta solução é a que “permite uma melhor articulação com a Linha do Oeste, estando prevista uma ligação a esta Linha na futura Estação de Leiria, a executar em simultâneo com a construção da linha de alta velocidade.”
A RAVE garante ainda que a emissão da DIA foi condicionada à integração no projecto de execução de um conjunto de medidas de minimização, ao desenvolvimento de estudos com vista à optimização do traçado e à inclusão das melhores soluções técnicas e métodos construtivos. No concelho de Alcobaça, cumpre-se o que mais se temia: o TGV irá afectar algumas das principais freguesias, entre as quais se contam Benedita (o percurso cruzará a principal Avenida daquela vila e atravessará zonas como a Moita do Poço e Turquel) e Prazeres de Aljubarrota – as mais activas no protesto contra os traçados apresentados e onde foram criados dois movimentos cívicos Anti-TGV. Quem não se conforma são os vários habitantes de várias freguesias que verão as suas vidas interrompidas, as habitações demolidas e os negócios destruídos por este projecto. Bruno Letra, um dos porta-voz do Movimento Anti-TGV na Benedita, afirmou em declarações a uma rádio local que o Comboio de Alta Velocidade irá conduzir a encerramento de diversas empresas na região e ao crescimento da taxa de desemprego – aguardando ainda que a RAVE esclareça junto da população local o mais rápido possível o carácter das indemnizações e o processo de expropriações. Já o movimento Amigos da Terra por Amor à Camisola (ATAC) não divulga ainda as eventuais actividades e iniciativas contestatárias ao projecto, prometendo que o fará na devida altura. O Estudo de Impacte Ambiental deste troço (que tem uma extensão aproximada de 120 quilómetros e representa cerca de um terço da ligação Lisboa-Porto) foi assim o primeiro a ser submetido ao procedimento de Avaliação de Impacte Ambiental e segundo a RAVE a decisão da APA “traduz o reconhecimento efectivo do compromisso do Projecto de Alta Velocidade com a promoção da qualidade do ambiente e das condições de vida da população, além de permitir a manutenção do cumprimento rigoroso do calendário previsto para a realização do projecto.” Aeroporto em Alcochete: a salvação? Para o Movimento Anti-TGV na Benedita, a decisão do Governo tomada há poucos dias de localizar o Novo Aeroporto de Lisboa em Alcochete (contrariando a expectativa inicial que previa a Ota) pode voltar a pôr novamente em cima da mesa a discussão da passagem da Linha de Alta Velocidade a Este da Serra dos Candeeiros e impedir que afecte o concelho de Alcobaça. Para este movimento cívico não faz sentido manter o plano de passagem dos traçados tal como está, principalmente depois da região ter ficado prejudicada com a mudança do aeroporto. Pretende-se deste modo, que a Assembleia da República debata o tema do TGV e que possam ser retomados os estudos a Este da Serra dos Candeeiros abandonados em 2003. Recorde-se que um dos estudos patrocinados pela Confederação da Indústria Portuguesa para o TGV em ligação com o Aeroporto de Alcochete previa igualmente esta última hipótese.
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