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O lado escuro da Globalização ou os pesadelos dos aprendizes de feiticeiro

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Mário BotasColunistaParte 1Presentemente existem poucas dúvidas de que, perante a Economia, a Política perde cada vez mais a sua influência.No sistema económico criado, os empresários continuam imparáveis, fortalecidos pela sua própria dinâmica.Numa situação destas é lícito perguntar se a política e a economia trocaram o seu papel social.Gunther Grass, prémio Nobel da Literatura, escreveu uma […]

Mário BotasColunistaParte 1Presentemente existem poucas dúvidas de que, perante a Economia, a Política perde cada vez mais a sua influência.No sistema económico criado, os empresários continuam imparáveis, fortalecidos pela sua própria dinâmica.Numa situação destas é lícito perguntar se a política e a economia trocaram o seu papel social.Gunther Grass, prémio Nobel da Literatura, escreveu uma vez, de uma forma bem drástica o seguinte:“Já não são os governos, nem os primeiros-ministros que definem as coordenadas da política. No seu lugar, dominam sem legitimação, as direcções das multinacionais e das suas fusões, espalhando-se por todo o globo. Que valor tem ainda a Constituição de um país perante a ameaça que traduzida em palavras simples se houve como:- Ou o governo cede, diz que sim, ou então mudamos para outro sítio.”

Trata-se de uma imagem aliás, que se vê repetidas vezes por toda a Europa. Os governos cedem às grandes associações económicas ou ás grandes multinacionais.Todos estes sinais falam uma língua muito muito clara.Torna-se evidente que o primado da política ao serviço da comunidade corre cada vez mais perigo. Por detrás destas situações surge a pergunta se também as empresas e respectivos empresários dominam o rumo dos acontecimentos, ou se são impelidos pela pressão da concorrência, lutando não só pelos seus clientes mas muito mais pelos seus financiadores e respectivas posturas e estruturas, sobre as quais, (embora desejadas), já não têm qualquer influência.Tal como as vassouras do aprendiz de feiticeiro na famosa balada de Johann Wolfgangvon Goethe .A imagem que esta realidade económica apresenta tem as suas razões de ser.Na verdade a maior parte das grandes empresas de hoje são, quase na acepção da palavra, “perseguidas” pelo curso das suas acções na Bolsa e aqueles que não conseguem manter-se com um aumento contínuo ficam em maus lençóis. Os seus dirigentes podem começar a recear pela sua situação profissional.São prisioneiros de um verdadeiro dogma praticado em todos os centros financeiros, o proclamado sistema económico onde esta actividade tem absoluta autonomia e poder perante todas as necessidades e razões sociais e políticas, encontrando-se praticamente acima do Estado e da sociedade.A verdade porém é outra. O valor de uma empresa com todas as suas potencialidades não pode ser de certeza considerada pela “medida “ do curso das suas acções.Apesar disso parece que a entrega á dependência dos fenómenos da Bolsa é total e irremediável. A maior parte das direcções das firmas assim o deseja.São muitos os chefes que em 3 ou 4 anos fazem fortunas de milhões como contrapartida pelo sucesso na Bolsa que conseguem atingir para as suas empresas.Se mais tarde as mesmas “ forem por agua abaixo” pouco interessa. Já têm o dinheiro suficiente para viver o resto da sua vida em luxo e opulência Torna-se injusto e revoltante que estas condutas e posturas sejam, hoje em dia, sempre explicadas e desculpadas com a questão da globalização da economia mundial. A verdade afinal é outra!Tratam-se de realidades cuja origem nada tem a ver com a “vontade de Deus”, ou que estejam no decurso da Natureza e consequentemente fora da influência dos homens.Vejamos!O crescimento económico é, desde a Segunda Guerra Mundial até aos nossos dias de hoje, superior ao do mesmo desde o princípio da história da Humanidade até ao princípio desta Guerra.Também a população mundial aumentou de 3 para mais de 8 biliões de seres humanos.Tudo isto é acompanhado por uma verdadeira revolução na produção de mercadorias e transporte destas e de pessoas à volta do planeta.As telecomunicações asseguram que quase ou uma grande parte da comunidade mundial tenha quase ao mesmo tempo mais ou menos o mesmo tipo de informações.Consequentemente é da maior importância a liberalização e a ligação dos mercados financeiros onde todos os dias são efectuadas transacções no valor de mais de 1500 biliões de dólares.Mais de 90% são puros negócios financeiros!Pouco menos de 3000 sociedades internacionais de fundos financeiros, conhecidos como “ Institutional Investors”, administram hoje um capital entre os 1200 a 1800 biliões de dólares.Possuem com isso mais de metade do capital anotado na Bolsa dos Estados Unidos.Entretanto as firmas que actuam a nível mundial modificam o seu carácter e a sua estrutura.Arrancam para a sua multi-nacionalidade com a estratégia e a estrutura de um jogo conjunto e bem organizado de unidades de negócio independentes, tipo “Good Corporate Citizens”, cada uma situada numa estrutura nacional, mudando para uma transnacionalidade na medida em que, pouco a pouco e uma a uma, se vão desligando do seu lugar na “Pátria-Mãe”.Por enquanto as empresas que actuam a nível mundial operam ainda cerca de metade do seu valor produzido nos países de origem. No entanto a consequência da globalização aponta para uma crescente transnacionalidade pressionada maioritariamente pela verdadeira multiplicação das gigantescas fusões, sem dúvida originadas pelo interesse dos “Investmentbanks”.Considerando a dimensão e a velocidade destas evoluções, impõe-se a pergunta se na verdade uma parte dos mercados financeiros internacionais (e com eles a economia na sua totalidade), não estarão ligados a qualquer fenómeno parecido com aquilo a que nas ciências naturais se chama “sistema fechado”. Tal e qual como um círculo vicioso, caracteriza-se este sistema como uma estrutura que só segue as suas próprias leis e princípios onde não existe praticamente qualquer influência exterior. Por isso mesmo corre o perigo de uma “auto-acelaração”, tal e qual como uma lavina de neve que cai por uma montanha abaixo. Uma lavina que portanto tende a passar por cima de um primado decisivamente importante para a vida de todos nós, o primado da sociedade solidária, da natureza humana, da Natureza em si e das consequentes políticas.Integrados neste sistema, nesta estrutura fechada estão três grupos de operadores:- Os investidores internacionais de fundos de investimentos e as suas companhias de seguros- Os bancos- As direcções das empresas que actuam a nível internacional. Todos puxam para o mesmo lado sem que lhes seja posto um freio a sério!A meta, o fim de todos eles é subir o curso das suas acções na Bolsa.Enquanto isto acontece sem graves desequilíbrios e crises tudo corre mais ou menos bem, porém quando não se consegue evitar a lavina , os resultados são conhecidos.

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