Belmiro Fonte é o novo líder da Comissão Política de Secção do PSD da Nazaré zx “Região da Nazaré” – Que motivações presidiram à sua candidatura? Belmiro Fonte – A minha candidatura nasce de a determinada altura entender que era chegado momento de me candidatar com o objectivo de dar um novo ânimo ao partido que estava, e está a necessitar de um novo élan. PSD da Nazaré que apresenta algum déficite em número de militantes de actividade partidária activa…
É um facto notório. Em termos de número de militantes, apesar de não achar que é o melhor, ainda assim, considero-o razoável. Agora em termos de militância activa, está de facto muito abaixo do que seria esperado, tanto mais, que há 14 anos que somos poder, e esse poderia ser um factor decisivo para desenvolver esse trabalho, que infelizmente não foi feito. Como é que alterará esse estado de coisas? Vou tentar fazer aquilo que outros presidentes concerteza tentaram, que é o abrir o partido à sociedade civil, organizar actividades, reunir com todas as instituições, associações e movimentos cívicos, para saber das suas dificuldades, e no seio da comissão política encontrar propostas e soluções que possam ir de encontro às pretensões apresentadas e servirmos de interlocutores privilegiados com a Câmara, a quem caberá a implementação de soluções. Qual é o seu diagnóstico sobre a actual situação política no executivo? O PSD na Câmara enfrenta algumas dificuldades em termos de gestão autárquica, mas em termos matemáticos está como estava há uns meses atrás: ou seja em minoria. Agora caberá ao presidente da Câmara, e julgo que ele o tem feito bem, gerir esse dado para fazer aprovar os projectos estratégicos para o concelho. A crise de que se fala é mais uma crise criada pela oposição, e apesar do relacionamento registado entre o presidente e o anterior vice-presidente não ajudar, eu julgo que a actual situação será ultrapassada. Apesar de um cerrar de fileiras da oposição … Não somos ingénuos para não antevermos que a oposição não iria aproveitar esta oportunidade que lhe é proporcionada apenas por uma situação de instabilidade no seio da maioria relativa PSD. Mas a crise, a existir, na realidade existe na oposição, já que esta não existe, limitando- se a andar a reboque dos projectos que lhe são apresentados pelo PSD! Não existe no executivo uma oposição política, mas sim de politiquice, e na Assembleia Municipal, a oposição, a única coisa que sabe apresentar, são referendos não passando disso. Como é que encara o facto de a oposição não assumido a queda da Câmara e agora retirado algumas competências delegadas no presidente? Eu não vejo aí uma estratégia concertada, até por que não sei se oposição na Câmara representa os partidos, e tenho sérias dúvidas que o PS se sinta representado no tipo de oposição que o vereador Vítor Esgaio tem feito ultimamente. Apesar de não gostar de falar dos outros partidos e querer em primeiro lugar arrumar a minha casa, é sabido que o PS neste momento não está preparado para eleições intercalares, bastando ver que existem dois ou três candidatos à liderança e outros tantos que se vão perfilando. Admito, contudo, que haja um ou outro membro do PS que tenha mais ânsia de poder e que sinta que é esta altura de se pôr em bicos de pés. Deixou de fora os “Independentes”… Que também são oposição. Não está a desvalorizá-los? Não, de modo nenhum. Eu tenho é muita dificuldade em falar de um grupo que não é um partido político. Os “Independentes” são um grupo de cidadãos que por uma ou outra razão decidiram juntar-se, constituir uma lista à Câmara com um projecto próprio, mas que em termos políticos não tem uma estrutura ideológica fixa, sendo composto por pessoas de diversas áreas políticas, onde que parece-me cada um puxa para o seu lado, numa mecânica difícil de entender e analisar, mas onde as posições e as diferenças começam a evidenciar- se. Oposição onde está o vereador Reinaldo Silva, militante do PSD, que tem assumido o papel do líder de todas as oposições… De facto o vereador Reinaldo Silva parece querer assumir-se como líder da oposição, numa postura que eu tenho alguma dificuldade em perceber do ponto de vista político. Primeiro a atitude de “retirar-se” do PSD, e depois “abandonar” maioria no executivo. Ele sabia que iria haver eleições, e no mínimo teria sido de bom tom esperar pela sua realização, conversar com o futuro presidente da Comissão Política e então aí decidir o que fazer. Custa-me a perceber o timing escolhido para o vereador Reinaldo Silva ter tomado aquelas decisões. Mas custa-me ainda muito mais, perceber o porquê de ele querer assumir-se como líder da oposição a um executivo do qual ele fez parte até há cerca de dois meses, rejeitando esse papel, argumentando de que antes tinha de ser leal. Eu não percebo este comportamento e os nazarenos também não percebem a postura do vereador Reinaldo Silva. Acredita que o mandato do executivo vai chegar ao fim do seu ciclo normal? Eu estou confiante que o mandato irá até ao fim e o PSD tudo fará para assegurar que assim seja, reforçando politicamente o apoio ao presidente de Câmara, que apesar de não ser militante, integra a listas do partido e merece todo o nosso apoio. Mas não foi apenas o candidato Jorge Barroso que foi eleito, foi eleita uma equipa… É verdade que foi eleita uma equipa e não apenas o candidato Jorge Barroso, ainda que sendo certo, e não há como escamotear essa verdade, que na Nazaré o candidato a presidente de Câmara pelo PSD sempre valeu mais que o próprio PSD. Agora há um militante da equipa que se afastou, e eu não vou questionar as razões, porque decidiu afastar-se… Um militante de peso eleitoral na lista do PSD… É verdade que o candidato Reinaldo Silva teve algum peso nessa lista e que também foi, obviamente, um militante de peso e influência dentro do partido. O PSD está preparado para um cenário de eleições intercalares? Temos novos quadros à altura e com muita capacidade para constituir novas listas. Gente que a determinada altura não foi aproveitada, mas que está perfeitamente disponível para aceitar esse desafio e nesta altura o PSD da Nazaré está preparado para todos os cenários. E na sua óptica, a Nazaré sairia beneficiada ou prejudicada com uma clarificação eleitoral? Essa não é uma pergunta de fácil resposta. Eu temo que vários projectos estruturantes para o concelho, que já estão suficientemente discutidos, caso da marina, da área de localização empresarial de Valado dos Frades, dos recifes e do plano viário, entre outros, que estão prestes a entrar em fase de cruzeiro, possam ser colocados em causa com a realização de eleições intercalares de resultados imprevisíveis, porque quem manda nos votos é o povo. Nesta perspectiva, julgo ser de todo benéfico para a estratégia de desenvolvimento da Nazaré manter o executivo camarário até acabar o mandato. Em termos estratégicos o que é que falta ao concelho da Nazaré? Eu entendo que a Nazaré tem que decidir o que é que ser no futuro. Se quer apostar no turismo, se quer ser uma terra de serviços e eu julgo que aí não terá futuro, ou ter uma base empresarial que eu entendo como boa, mas que julgo que não é essa a sua vocação. Eu sustento que o futuro da Nazaré passa pelo turismo, e de uma vez por todas temos que decidir que tipo de turismo queremos ter. De uma vez por todas o projecto da marina de recreio tem de ser decidido, não num comportamento politiqueiro mas sim meramente técnico, já que estamos a falar do maior investimento que alguma vez foi feito na Nazaré. Tomada esta decisão, partir daqui teremos de apostar na hotelaria, na restauração e na formação das pessoas. Depois temos que resolver a questão da rede viária, do estacionamento e circulação rodoviária dentro da vila, aumentando a qualidade de vida aos que cá vivem e aos que nos visitam. Ainda em matéria de acessibilidades, temos de nos bater por uma melhoria qualitativa da linha ferroviária do Oeste. E nessa estratégia onde cabe o sector das pescas? Essa é outra área fundamental na Nazaré, já que é a nossa vocação primeira, mas que atravessa alguns problemas que têm de ser contornados. Os recifes artificiais serão preciosos no sentido de aumentar os recursos piscícolas para bem de uma actividade que tem de ser acarinhada e mantida, dando mais formação e condições aos pescadores para o exercício da sua actividade, reformulando, por exemplo o porto de abrigo e a gestão da Docapesca, exigências para as quais estão a ser desenvolvidas respostas. E que outras potencialidades encontra fora da malha urbana da Nazaré? Por exemplo no Valado dos Frades, temos potencialidades no sector da agricultura com os terrenos mais férteis para a horticultura e temos de dinamizar e organizar esse sector, com organizações de produtores ou cooperativas de modo a acrescentar mais valias aos agricultores. Depois temos a Área de Localização Empresarial que é um projecto de importância fundamental para o concelho, com capacidade para acolher indústria que permita absorver a mão de obra disponível da Nazaré, nunca esquecendo que temos de centrar as nossas atenções no cluster do mar.zx Belmiro Fonte tem pela frente a reorganização interna do PSD da Nazaré cuja existência tem passado despercebida nos últimos anos a não ser quando há eleições, sobretudo locais. Um estado de coisas que o novo líder diz querer mudar assumindo a liderança num momento em que a maioria relativa laranja no executivo camarário está reduzida a dois elementos, um presidente independente e a uma vice-presidente militante. Uma entrevista de António Paulo
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