Por Belmiro FonteFoi com enorme satisfação, que tomei conhecimento junto da imprensa escrita local, sobre a possibilidade da empresa Enersis criar na Praia do Norte, um parque de aproveitamento da energia das ondas que possibilitará a produção de electricidade e que representará um avultado investimento privado para o Concelho da Nazaré.

A satisfação que ora manifesto, prende-se sobretudo com três ordens de razões. A primeira é o facto de cada vez mais, existir da parte do cidadão comum a consciencialização da importância da criação de energias renováveis que sejam verdadeiras alternativas à utilização dos combustíveis fósseis, que, indicam todos os estudos, a médio prazo não serão suficientes para sustentar uma economia que se baseia toda ela no petróleo e derivados. A segunda razão do meu contentamento, prende-se com o facto de, o investimento a concretizar-se juntamente com o parque Eólico já existente, colocará sem margem para dúvidas, a Nazaré na crista da onda no que diz respeito à exploração de energias renováveis. A terceira razão e porventura a mais importante, é acreditar que este investimento, possa ser o ponto de viragem no desenvolvimento social e económico do concelho. De facto, com a criação da Área de Localização Empresarial, vulgo ALE, que começa agora a dar os primeiro passos, com as acessibilidades existentes no Concelho, nomeadamente a A8, e bem assim o futuro IC9, julgo que estão cridas as condições necessárias para alterar o paradigma de sustentação económica e social que tem sido seguido no Concelho da Nazaré, isto sem nunca descurar o Turismo, que será sempre a pedra de toque da Nazaré.Quem decide por quem?Por Fábio SalgadoÉ uma discussão de sempre, mas uma decisão para hoje. Todos nós conhecemos, com maior ou menor proximidade, alguém que tenha interrompido a gravidez por qualquer razão – desde as questões sócio-económicas à incompatibilidade para com o seu projecto de vida.A questão que vem a referendo em Janeiro prende-se com a vida destas mulheres que, em qualquer altura da sua vida, por alguma razão, aborta. Pergunta-nos o Estado – devemos penalizá-las, persegui-las e prendê-las?Há que desmistificar algumas teorias que são oferecidas dia-a-dia aos portugueses. Pede-se, com este referendo, a descriminalização (deixar de ser crime) da Interrupção Voluntária da Gravidez (IVG), realizada por opção da mulher, até às 10 semanas. Não se trata de discordar, ou não, do aborto enquanto opção individual, trata-se de encontrar a resposta menos gravosa para resolver uma questão social.Portugal é o único país da Europa que persegue e julga estas mulheres. A organização Médicos Sem Fronteiras contabilizou, só em Portugal, 40 mil IVG clandestinas no último ano, sem condições de saúde nem de higiene. A nível mundial, morrem 70 mil mulheres anualmente vítimas de abortos feitos em condições precárias. Somos nós que estamos incumbidos de dar uma solução – ou continuamos a permitir que o negócio das “parideiras” floresça à custa da saúde das mulheres, ou resolvemos dar a estas mulheres a hipótese de contar com ajuda médica decente. Por mim, escolho não as julgar, não as considerar criminosas.Se a lei se mantiver veremos triplicar os casos de mulheres julgadas e criminalizadas por uma decisão que é só delas. E quem as julga é o tribunal, por nossa decisão.