A Câmara Municipal da Nazaré pode vir a gerir o Museu Joaquim MansoMinistra da Cultura desafia autarquias a gerirem museus nacionais com cariz regionalCâmara da Nazaré disponível para discutir eventual tutela do museu etnográfico e arqueológico localAntónio Paulo O presidente da Câmara Municipal da Nazaré (CMN), Jorge Barroso (PSD), anunciou recentemente a disponibilidade da autarquia para discutir a possibilidade de passar para a sua alçada a gestão do Museu Dr. Joaquim Manso, actualmente sob tutela do Instituto Português de Museus (IPM).

Reagindo ao anúncio da intenção da ministra da Cultura, Isabel Pires de Lima, de “remeter para as câmaras municipais a gestão dos museus nacionais que têm uma linha marcadamente regional”, Jorge Barroso adianta que “a CMN não tem uma posição fechada relativamente a este assunto”. “Estamos dispostos a discutir as diversas possibilidades. No entanto, é preciso começar por definir critérios e, nomeadamente, o que é um museu com temática de âmbito regional”, sustentou o edil, acrescentando que “depois dessa definição de critérios, é preciso clarificar qual a quota-parte de responsabilidade de cada uma das partes – poder central e local – na gestão desses equipamentos”.Para Jorge Barroso, porém, nesta questão é importante não ficar apenas pela discussão sobre a gestão corrente dos museus, sublinhando que, sobretudo, “é fundamental pensar qual a melhor forma de potenciar a divulgação da cultura e o conteúdo de cada museu, aproveitando as sinergias e os recursos de cada uma das partes”. Críticas à intenção governamentalContactado pelo REGIÃO, António Nabais, director do Museu Dr. Joaquim Manso, considera que “esta é uma questão que não está madura, nem sequer esclarecida nos seus contornos”. Contundente, António Nabais classifica a anunciada intenção da ministra da Cultura de “mais uma medida desgarrada, sem nexo e totalmente desintegrada de uma política de defesa do património que o país deveria ter para com os museus regionais, dando-lhes a devida importância num contexto regional, como se faz, e bem, aqui na vizinha Espanha”. “Vejam-se, entre muitos outros, como maus exemplos das prioridades da política cultural, os casos dos Museus de Arte Popular e de Arqueologia – este instalado provisoriamente há anos nos Jerónimos -, sobre os quais hoje se vem dizer que não funcionam, mas não se dizendo que não lhes são dadas condições para funcionar”, exemplifica António Nabais, criticando as “imitações grosseiras do que se faz lá fora, como vai suceder com o Museu da Língua, um projecto original do Brasil, com a agravante de que nem se consegue imitar o que lá fora se faz de melhor”.Na Nazaré, o Museu Etnográfico e Arqueológico Dr. Joaquim Manso, instalado na antiga casa de veraneio deste antigo escritor e jornalista, fundador do “Diário de Lisboa”, apresenta colecções de etnografia, arqueologia, numismática, escultura, pintura, fotografia, gravura e cerâmica, documentando a história e identidade cultural da região da Nazaré, de acordo com informação disponível no site do IPM. “Tem vindo a acentuar-se a vocação do museu no domínio da etnografia marítima, através da reorganização do espaço de exposição de embarcações tradicionais da Nazaré”, pode ler-se ainda na informação disponibilizada pelo Instituto na página www.ipmuseus.pt .