Domingos José Soares RebeloRevista “Voz da Tertúlia”, Odivelas, Nº3, 1997, pp.13/14.“Goan Society In Transition” (A Study in Social Change) de Bento Graciano de Sousa, Bombay, 1975, Cap.XIII, p. 285, na tese de doutoramento do autor“Aldonã – Berço de Antistites, Monsenhores, Notáveis Missionários e Profissionais”(secs. XIX/XXI), Alcobaça (Outubro 2004) – inéditaO texto português da declaração política do deputado goês é uma versão do texto inglês duma tese de doutoramento de Bento Graciano de Sousa divulgada em Bombaim (1975). Nos Arquivos da Assembleia Nacional (ou da Republica) poderá ser localizado o texto original (em português) proferido pelo deputado-cónego Estêvão Jeremias MascarenhasNos anos áureos do liberalismo outorgado na Carta Constitucional, o Governo Português concedera ao Estado da Índia o privilégio de enviar deputados às Cortes a partir de 1822, sendo nesse ano eleitos dois goeses: o médico Bernardo Peres da Silva e o advogado Constâncio Roque da Costa (1)

A Índia Portuguesa continuara a eleger deputados ao Parlamento Português sucessivamente nos anos de 1827, 1836, 1842 e 1845 até que, em 1848, fossem eleitos como Deputados dois elementos do Clero de Goa: Estêvão Jeremias Mascarenhas (Cónego Primacial de Goa) e João Pedro Correia (pároco da Igreja de Guirim-Bardez).Curiosamente, o padre Jeremias Mascarenhas exerceu o alto cargo político na defesa, com grande elevação e muita coragem, dos direitos de Goa e dos Goeses em 1852, como se verificou na sua estreia politica com a seguinte assombrosa declaração. (2).“Senhores Deputados! O amor de independência é um direito natural do Homem, que deve permitir a um povo sua vivência sem dominação. Não lhes deve causar admiração que a Índia Portuguesa reclame sua independência. É um princípio incontestável da ciência politica e a História confirma o facto com os exemplos da América e do Brasil emancipando-se da dominação britânica e portuguesa, resultando daí uma melhoria de relações comerciais e politicas. A emancipação é o resultado duma evolução natural tanto dos indivíduos como das Colónias” (a).Aquela declaração política do deputado-cónego Estêvão Jeremias Mascarenhas, provavelmente, causou na ocasião um certo burburinho e uma animosidade contra o novel representante do Estado da Índia no seio do parlamento e do próprio Governo Português, todavia, o cónego Jeremias Mascarenhas continuou a ser reeleito deputado às Cortes em 1855 e 1856 pelo Estado da Índia.Por uma inexplicável determinação do Arcebispado de Lisboa, o citado cónego Jeremias Mascarenhas fora afastado das lides políticas e despachado para servir como Vigário de Santa Maria de Alcobaça no 3º quartel do século XIX (2). Sabe-se que não lhe foi permitido regressar à terra do berço na Aldeia de Aldonã-Bardez e ele acabou por terminar seus dias em Portugal como exilado político embora envergando a roupeta de Monsenhor (3)!