Freire está “farto de mendigar” para a organização do “Ciclo Internacional de Acordeão”Depois de dez edições, este ano o “Ciclo Internacional de Acordeão” em Alcobaça, não se realizouA XI edição do “Ciclo Internacional de Acordeão” de Alcobaça não se realizou este anoLiliana João“Farto de mendigar”. É assim que Aníbal Freire, responsável pela organização do “Ciclo Internacional de Acórdão”, que se realizou durante dez anos consecutivos em Alcobaça, durante oito dias, habitualmente na segunda quinzena de Julho.
Aquela que seria a décima primeira edição do “Ciclo Internacional de Acordeão” não aconteceu este ano porque “entendi que não o deveria organizar”, como explicou Aníbal Freire, justificando a decisão com “o facto de estar sempre a pedir, a telefonar, e no ano seguinte, voltar a pedir, a telefonar, o que cansa, e acaba por não ser pedir, já é quase mendigar. Isto torna-se num ciclo muito cansativo, mesmo que as entidades estejam disponíveis para apoiar”. “Com todo o respeito pelas entidades oficiais, nomeadamente a Câmara Municipal de Alcobaça e a Junta de Freguesia de Alcobaça, que sempre deram apoio ao evento, tornou-se muito difícil organizar um tudo em oito dias, apesar de nós termos uma estrutura montada, sabendo todos nós, de cor e salteado, o que é preciso fazer para que o evento se realize”.Aníbal Freire afirma não entender o porquê de “tanta burocracia, própria de todas as autarquias” mas que acabou por “chatear-me” dada “a dificuldade que há em conceder apoios financeiros para um evento, que já tem dez anos de existência e sempre com salas cheias”. Caracterizando o “Ciclo Internacional de Acordeão” como “um evento que foi sempre crescendo, começando com cerca de quatro concertos, até ter uma edição com 13 concertos”, Aníbal Freire salienta que “o dinheiro nunca chega para tudo, até porque para fazer um evento deste género, não é preciso apenas boa vontade”, explicando que “o número de concertos varia conforme o orçamento que temos e o dinheiro que há para pagar aos artistas, das receitas da venda dos bilhetes dos concertos e do dinheiro concedido pelas entidades de Alcobaça”. Com orçamentos “a rondar os 15, 20 mil euros”, o “Ciclo Internacional de Acórdão” apenas não deu prejuízos nos últimos dois anos, e sendo assim, o apoio financeiro das entidades de Alcobaça é “bastante importante para a realização do evento”, como lembrou o organizador, já que constitui “sempre um fundo base, para as primeiras despesas que têm que ser suportadas, antes que o evento se auto-sustente”. Mais um desafio“Entendi que devia parar este ano, e fazer uma interrupção no “Ciclo Internacional de Acordeão”, porque, tal como já disse, estou farto de mendigar, e porque me meti em outra aventura que é o “III Concurso Ibérico de Acordeão”, contou Aníbal Freire. Este concurso realizou-se no passado dia 22, em Amarante, e “substituiu”, por este ano, o “Ciclo Internacional de Acordeão”, já que ambos os eventos são organizados por Aníbal Freire. Neste concurso, entraram a concurso concorrente espanhóis e portugueses, e resulta do apuramento do Concurso Nacional de Espanha e do Concurso Nacional de Portugal, de vários escalões e géneros, como provas de música ligeira e música de concerto. Ligado ao acordeão desde muito jovem, Aníbal Freire é professor em várias escolas, possui uma escola de música em Alcobaça e ainda lecciona no Instituto de Música Vitorino Matono, em Lisboa, e “levou” ao “III Concurso Ibérico de Acordeão” cinco dos seus alunos, do total de oito participantes portugueses, e onde estiveram representados “os primeiros de todo o país”.
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