Encontro de autarcas, autoridades e dirigentes associativos reuniram com “chambristas”Nazaré quer melhorar abordagem aos turistas na oferta de alojamento particularPara o ano quem queira exercer a actividade vai ter de obrigatoriamente frequentar acções de formaçãoAntónio Paulo“No próximo ano quem quiser estar nas ruas da Nazaré, devidamente legalizado, a alugar casas ou quartos aos turistas, depois do Verão vai ter de frequentar cursos de formação”. A novidade foi avançada por Jorge Barroso, presidente da Câmara Municipal da Nazaré (APIAPTN), no decorrer de uma reunião promovida no passado dia 8, pela Associação de Proprietários e Inquilinos de Alojamento Particular e Turístico da Nazaré e que contou com a participação de cerca de seis dezenas de pessoas que se dedicam a este tipo de actividade. Advertindo que “as coisas no alojamento particular não estão famosas”, dirigindo-se aos “chambristas” – na esmagadora maioria mulheres – o autarca alertou para que “tem de haver outras maneiras de cativar os turistas, a quem estamos a tratar muito mal, colocando em causa o negócio e a imagem da Nazaré”. Jorge Barroso referia-se aos contactos desencadeados pelas alugadoras, que pela disputa pelo cliente que se gera entre elas, atingem, na maioria das vezes, comportamentos “assustadores”. Sobre os cursos, o autarca salientou que serão “simples”, frisando que “quem passar poderá estar na rua a alugar, quem não for aprovado não poderá fazê-lo, e que quem passa, e insistir nos erros, deixará de poder fazê-lo”.

José Caneco Martins, recentemente eleito presidente da APIAPTN, aplaude a iniciativa, justificando “que para nos dirigimos a um turista não é preciso dar-lhe com a tabuleta no carro”, sublinhando que “alguns associados têm tratado muito mal os turistas”. Aos cursos de formação, José Caneco Martins, junta, entre outros projectos que pretende desenvolver no seu mandato, a abertura da sede da associação durante o Verão e a melhoria do site da APIAPTN na internet (www.ap-nazare.com).Reforço de fiscalização e multas a doerApesar de a actividade estar regulada pela autarquia, são frequentes as infracções registadas, sobretudo, ao nível da não vistoria dos alojamentos, e do desrespeito pelas áreas definidas pelo regulamento para abordar o potencial alugador. Sobre os atropelos ao regulamento, Jorge Barroso, lembrou que “no ano passado já foram aplicadas multas e quem pensava que não ia pagá-las, o Tribunal já se pronunciou”. “Vamos continuar a fiscalizar e garanto-vos que não vai haver um único perdão de multas, quer, falem comigo com bons modos, ou ameacem que me vão bater”, garantiu o autarca, acrescentando que irá ser implementado um agravamento progressivo do valor das multas em casos de reincidência.A fiscalização das infracções está cometida aos agentes da PSP da Nazaré, que após o levantamento do auto de notícia, o remetem para os serviços da autarquia para que o processo contra-ordenacional siga o seu curso. Gabriel Gomes, comandante da esquadra da PSP da Nazaré, sublinhou que “a minha acção de sensibilização e dos agentes da PSP da Nazaré acaba com esta reunião, e partir de agora, vamos estar ainda mais atentos a quem prevaricar, e depois não venham pedir condescendência e com desculpas, porque estas evitam-se”. Numa visão mais pessoal sobre a actividade, Gabriel Gomes não deixou de alertar para que “se os comportamentos não forem tão dignos quanto têm de ser, serão vocês e a Nazaré, que sofrerão com isso”.As promessas de uma maior e mais eficaz fiscalização e a aplicação efectiva de multas foram recebidas com aplausos pelos “chambristas” presentes na reunião, ainda assim, menos de 15 por cento do total de membros da APIAPTN, que contam nos seus ficheiros com cerca de 550 membros. Ainda assim, uma pequena parte das pessoas que na Nazaré se dedicam à actividade, e que conhecedores do meio, apontam para que sejam mais de 1500.Actividade confundida com prostituição“No ano passado, um turista estrangeiro dirigiu-se à esquadra e perguntou-me: eu aluguei o quarto… onde está a gaja?”. O caso foi relatado pelo comandante da PSP local, Gabriel Gomes, procurando ilustrar junto das próprias “chambristas”, alguns dos erros cometidos aquando do contacto com os turistas. “Eu senti vergonha quando fui confrontado com esta situação” sublinhou o comandante.O próprio presidente da autarquia, Jorge Barroso não se coibiu de denunciar casos em que “se procura promover o aluguer de quartos junto de jovens casais, mesmo que seja para passarem só uma tarde”. Perante alguns protestos das chambristas, o autarca frisou que “eu sei e vocês também sabem que isto se passa”. Também um alugador – em tempos esteve emigrado Alemanha -, recordou as reacções daqueles a quem recomendava a Nazaré como ponto de visita. “Quando regressavam, diziam-me: na Nazaré só estão a chamar a gente para ir para os quartos! Que lugar para onde tu nos mandaste!”, referiu o ex-emigrante numa alusão muito directa à forma com os turistas são abordados.Na origem destas situações, estarão, por certo, dificuldades de comunicação em termos linguísticos entre “chambristas” e turistas, que se prestam a más interpretações. Já destas dificuldades não resultaram as duas queixas apresentadas junto da APIAPTN no ano passado por turistas, “sobre duas casas por falta de higiene”, como denunciou José Caneco Martins.