O Ex e o Ad

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Isabel de CastroAdvogadaEm trânsito entre a Páscoa e o 25 de Abril, não posso deixar de me referir aos temas centrais destes dois acontecimentos; o amor e a liberdade.A escolha de ex e de ad, dois sufixos latinos que significam, “ex”, “vindo de”… e “ad”, “para ou por”, prende-se exactamente com a essência da existência […]

Isabel de CastroAdvogadaEm trânsito entre a Páscoa e o 25 de Abril, não posso deixar de me referir aos temas centrais destes dois acontecimentos; o amor e a liberdade.A escolha de ex e de ad, dois sufixos latinos que significam, “ex”, “vindo de”… e “ad”, “para ou por”, prende-se exactamente com a essência da existência humana e da mensagem da Páscoa: vindos do amor para amar, o que para os Cristãos tem uma amplitude ainda maior: vindos de Deus para amar. E amar é ser” por” e ser “para”, ser “por Deus” e “para Deus”, ou numa versão laica ser “por”…e ser “para”….deixando em aberto o destinatário.

É numa relação ex-ad que se revela toda a verdadeira dimensão da existência humana e que se constrói a liberdade individual e colectiva. Não basta dizer que nascemos todos livres e iguais. A liberdade não é algo já feito, não é uma coisa, um objecto, uma oferta. A liberdade cria-se, constrói-se. Seremos homens e mulheres livres se soubermos construir a nossa liberdade. Não é seguramente com discursos e sessões mais ou menos solenes que a liberdade se concretiza. Hoje, 30 anos depois do 25 de Abril, mantém-se ainda um certo medo de agir que condiciona o nosso dia, a dia criando o paradoxo do limite. Até onde devemos agir no exercício da nossa liberdade e cidadania?Após uma década de filmes destinados ao público dos 7 aos 77, a que o exercício da maternidade nos sujeita com alegria e deleite, retomei o prazer do cinema para adultos. Fui ver “ O Segredo de Brokeback Mountain”. A crítica cinematográfica encarregou-se de dar a conhecer mais ou menos o conteúdo do filme, porém poucas referências encontrei ao que para mim foi central: o amor e a liberdade. Apreciei a forma contida como, com grande sobriedade, se trata um tema incómodo, transformando-o numa verdade universal e paradigmática: a sociedade condiciona a liberdade de amar. Mas, voltando um pouco atrás, o que marcou esta ida ao cinema foi ter constatado que à minha frente se encontrava um grupo de rapazes entre os 8 e os 16 anos; foi a classificação do filme, (M12?); foi terem deixado entrar menores de, que digo eu? 12 anos! Foi esta falta de limites, começando na autoridade do porteiro que permite a uma criança de 8, 9, 10 anos entrar num filme declaradamente para adultos, até à de quem estabelece a classificação das fitas cinematográficas, para não falar no critério dos pais e educadores…Por isso, ao viver mais uma Páscoa e comemorar mais um aniversario de Abril, quero acreditar que a Liberdade não é a “liberdade” de parlamentos vazios, de justificações injustificáveis, de cidadãos medrosos na sua relação com os outros e com o poder, nomeadamente o autárquico, quero acreditar que esta não é mais do que uma passagem, (o que aliás Páscoa significa etimologicamente), e que a Liberdade que se celebra não se esgota nos discursos das sessões solenes do dia 25 de Abril.

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