Ser (professor) ou não ser…

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Anabela LuísProfessoraJá lá vão quase 20 anos desde que cheguei a Alcobaça, com muita paixão na alma e com a força própria de quem acaba de conquistar um lugar ao sol: tinha ficado colocada na escola da minha primeira escolha, naquela altura designada Escola Secundária de Alcobaça. Uma escola magnífica! Imensos espaços verdes, um grande […]

Anabela LuísProfessoraJá lá vão quase 20 anos desde que cheguei a Alcobaça, com muita paixão na alma e com a força própria de quem acaba de conquistar um lugar ao sol: tinha ficado colocada na escola da minha primeira escolha, naquela altura designada Escola Secundária de Alcobaça.

Uma escola magnífica! Imensos espaços verdes, um grande edifício matriz imponente, bem mais bonito do que os pavilhões pré-fabricados que o completavam então. Pois é: ainda sou do tempo das aulas na vacaria (assim eram, naquela época, designadas as salas hoje pertencentes à EPADRC, por alunos, funcionários e professores!), onde os alunos se arrumavam como sardinha em lata e onde, quando havia quadro negro, não era para toda a gente ver!Não existia ainda o Bloco Novo, nem a então Escola Velha (actual Edifício Administrativo) oferecia qualquer segurança a quem se atrevia a ali espreitar: a degradação era tal que janelas e portas eram regularmente trancadas com tábuas de madeira pregadas, para desencorajar os mais atrevidos e aventureiros. Trazia na bagagem um universo de ideias e a naïveté própria de quem inicia uma nova função. Imaginei, criei, planifiquei, apoiei, formei, ensinei, aprendi…. Dei muito mais horas ao Estado do que o Estado me pedia! E continuo a dar, sem poder disso fazer prova. Nem eu nem tantos outros que, como eu, ali estavam e ainda hoje estão, com a mesma paixão. Tantos outros que, como eu, fazem parte de um todo, e que tal como os grãos de areia em conjunto formam a praia, ali, pertencem a algo maior, de ordem inefável, dando alma à escola.- E não te cheira a desalento? Para muitos, ser professor ou não ser deixou de ser uma questão, ou está em vias de deixar de o ser, pois parece que já poucos dos visados conseguem opinar sobre quais devem ser de facto as funções do professor e remetem para outros a responsabilidade de definições mais elaboradas. É um erro. Podemos ter ideias diferentes, mas não podemos deixar de as ter. É uma questão de identidade e, portanto, de liberdade.Uma das funções do professor consiste em transmitir ao aprendente que aprender implica esforço, mas que é um prazer e é um ganho. Como o fará, se não o sentir?Outra das suas funções será a de formar para a vivência da cidadania verdadeiramente democrática, defendendo valores fundamentais para a construção de uma sociedade sempre mais livre, tolerante e justa. Mas só o conseguirá se nessa mesma construção participar, de facto. Convictamente.Outra ainda será a de fomentar a descoberta de si, do outro e dos outros, contribuindo para a assunção individual de pertença a um grupo maior: do aluno para a turma e para escola; da escola para a sociedade, para o país e para o mundo. Hoje, olho para a escola e acho-a mais bonita do que naquele primeiro dia. Há um sem número de projectos a fervilhar em cada sala, em cada corredor, em cada recanto. Porque em cada recanto, cada corredor e cada sala, há alunos, funcionários e professores a imaginar, criar, planificar, apoiar, formar, ensinar, aprender… Como em tantas outras escolas onde, como na nossa, tantos jovens crescem e se formam.

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