Já lá vão alguns dias desde as eleições autárquicas, mas é agora, ‘a frio’, que os partidos, os candidatos, os eleitos e o cidadão comum devem tirar as devidas ilações. Quer a nível nacional, quer a nível local, as lições a retirar das eleições do passado dia 9 são mais que muitas. E todos, sem excepção, devem dar a mão à palmatória. Todos têm a aprender com a derrota e todos devem saborear humildemente a vitória, para bem do processo político.
A derrota socialista nestas autárquicas, ainda que não catastrófica, é um claro sinal de que o país se tem vindo a arrepender do voto de confiança que em Fevereiro passado depositou no Governo do Eng. Sócrates. É certo que os eleitores escolhem os seus autarcas não tanto pelo vínculo partidário mas, regra geral, pelo perfil e credibilidade do candidato. Contudo, os portugueses estão insatisfeitos com a actual governação e, de certo modo, levaram até às urnas esse descontentamento. Creio que o saldo negativo do PS deveu-se também à actuação de José Sócrates, que se envolveu directamente nestas eleições, relegando para segundo plano o seu papel de Chefe do Governo. Teria sido, com toda a certeza, mais benéfico e sensato se tivesse canalizado o seu tempo e energia para a resolução dos problemas que afectam todos os portugueses. O PS de Sócrates pecou ainda pela falta de coragem em demarcar-se de Fátima Felgueiras. No comício do PSD de Alcobaça, Marques Mendes desafiou Sócrates a fazer frente à candidata de Felgueiras, mas o Engenheiro não seguiu nem a sugestão, nem o exemplo do líder social-democrata, desvalorizando assim o urgente combate ao populismo. Resultado: nestas eleições ganharam alguns que não deviam sequer ter concorrido – os candidatos ‘a contas com a Justiça’. A vitória destes só provou que é escassa a cultura democrática no nosso país. Que subsiste uma enorme falta de valores e que nos sobra oportunismo. Aos que cegamente elegeram estes personagens apetece dizer: ‘Cada povo tem os políticos que merece’.Ao nível local, nomeadamente no concelho de Alcobaça, a vitória coube a quem a olhos vistos, a merecia. Quiseram os alcobacenses que a capacidade, a credibilidade, a experiência, o empenho, a sensibilidade, a perspicácia e o dinamismo da equipa social-democrata se mantivessem por mais quatro anos. Quanto ao PS, esse levou a sova que a sua insolência e obstinação pediam. Fez uma campanha infeliz, recorrendo persistentemente à insinuação e à mediatização de pseudo questiúnculas. O candidato socialista teve ainda o desplante de afirmar num debate a que assisti, que caso ganhasse teria com certeza mais crédito ante o aparelho político central – pois é da mesma cor política (!!) – e que assim sendo traria ao concelho mais regalias… Acreditou que o povo se renderia às photo oportunity com celebridades e não mostrou ao eleitorado ser a alternativa que tanto apregoava. E no dia D, o candidato da discórdia arrecadou um resultado miserável no concelho, espelhando um PS fraccionado, pouco ou nada coeso. No concelho da Nazaré, as guerrilhas no seio do partido contribuíram também para uma derrota histórica dos socialistas. E o PSD de Jorge Barroso conquistou de novo o eleitorado.Um último, mas não menos importante, apontamento: nestas eleições autárquicas a que fui também candidata, tive a infelicidade de ter como adversário um grupo de cidadãos independentes que nada devem à sensatez e aos valores éticos e democráticos. Foi vergonhosa a forma como fizeram campanha. Mas no dia 9 ficou provado que a calúnia e a farsa não compensam. E a prepotência, muito menos.
Dulce AlvesSecretária da JSD de Alcobaça
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