Entrevista com a banda antes do concerto mais importante da sua carreira
Os Pharol preparam-se para um dos maiores marcos da sua jornada musical: um concerto no emblemático Coliseu dos Recreios, em Lisboa. Conhecidos pelas suas versões surpreendentes de clássicos da música mundial, com arranjos ousados e uma estética própria, os quatro amigos falam sobre o início da banda, a sua identidade musical e os desafios de levar a sua sala de ensaios para um palco lendário. Nesta conversa descontraída, partilham também a emoção de ver crescer uma comunidade à volta da sua música — e dão pistas (ou não!) sobre o que esperar no espetáculo “Quarto 101 – 360º”.
Entrevista com Os Pharol
Como é que nasceu a banda Pharol e o que vos uniu enquanto músicos?
Os Pharol nasceram de uma amizade entre os quatro e da vontade de tocar música juntos. No início, juntávamo-nos apenas para ouvir discos e tocar por diversão. Depois surgiu o primeiro convite para tocar ao vivo e a partir daí nunca mais parámos. O palco tornou-se o nosso ponto de encontro natural.
De onde veio a inspiração para o nome dos “Pharol”?
O nosso primeiro concerto foi num bar de um amigo, na Nazaré, que se chamava Farol. Além disso, a maioria da banda vive na Nazaré onde a palavra “Farol” é comum ao ouvido da população. Achámos o nome bonito e poético, mas decidimos trocar o “F” por “PH”, para lhe dar um toque mais distinto e pessoal. Et voilà.
Sendo cada um de vocês de percursos diferentes, como foi o processo de adaptação e de criação de uma identidade comum?
Foi simples. Aprendemos a gerir e respeitar as diferenças de cada um e percebemos que é justamente nelas que está a nossa força. O som dos Pharol vive dessas misturas, dessas perspetivas distintas que acabam por criar algo muito próprio. E nós adoramos isso. O facto de sermos muito amigos também ajuda.
Qual foi o primeiro tema que decidiram reinventar juntos, e porquê essa escolha?
Honestamente, já não nos lembramos ao certo, mas foi certamente algo dos Beatles ou dos Los Hermanos. Eram bandas que todos tínhamos em comum, e por isso foi natural começar por aí.
Têm algum critério específico para escolher os temas que decidem versionar?
Não há grandes regras. Se gostamos de uma música, se ela nos diz algo e sentimos vontade de a reinterpretar, então fazemos. Cada um traz propostas para o ensaio e todos têm espaço para expressar a sua visão. É tudo muito orgânico.
Como é o processo de transformar uma música conhecida numa versão “à Pharol”?
Normalmente começamos por dissecar a canção ao máximo — perceber a estrutura, a harmonia… — e depois reconstruímos tudo com a nossa estética. Criamos novos arranjos, experimentamos ritmos e harmonias até montar o puzzle que faz sentido dentro do universo Pharol.
Já fizeram dezenas de versões. Há alguma que tenha sido particularmente desafiante ou marcante?
Sim, o Bohemian Rhapsody. É uma música tão complexa e icónica que decidimos manter a estrutura original, mas reescrever todos os arranjos vocais para apenas quatro vozes. Foi um verdadeiro quebra-cabeças. Levámos quase dois meses até chegar à versão final. Mas o resultado valeu totalmente o esforço.
Receberam feedback dos artistas originais sobre as vossas versões?
Ainda não.
Têm planos para lançar temas originais? Se sim, o que podemos esperar desse lado autoral?
Temos, sim senhor. Está para breve. Ainda não podemos revelar muito, mas há coisas novas a caminho e prometemos que será à nossa maneira.
O vosso estilo mistura rock, indie, ska, jazz e até rap. Como é que gerem essa diversidade sem perder a vossa identidade?
Para nós, música é som, é liberdade. Não pensamos muito em rótulos ou géneros. A nossa identidade está em sermos nós próprios, e como cada um traz influências diferentes, essa mistura acontece naturalmente. É isso que faz dos Pharol aquilo que são.
O concerto no Coliseu dos Recreios é um momento importante. Sempre sonharam em tocar lá?
Sim, absolutamente. Vai ser um marco na nossa carreira. O Coliseu é um palco lendário, e ter a oportunidade de o pisar com o nosso nome no cartaz é algo que nos enche de orgulho.
O espetáculo chama-se “Quarto 101 – 360º”. O que podem revelar sobre esse conceito?
É um espetáculo 360º em que levamos o nosso quarto, ou melhor, a nossa sala de ensaios, para o palco. É lá que tudo nasce, onde experimentamos, criamos e nos divertimos. Vamos abrir essa porta ao público. Mas não podemos revelar muito mais…
Vão apresentar novas músicas no concerto? Podem levantar um pouco o véu sobre o que o público pode esperar?
Não podemos revelar detalhes, mas podemos garantir que vai haver muito rock’n’roll, algumas surpresas e convidados especiais.
Prometem “momentos inesperados” no concerto. Podem dar-nos uma pista do que aí vem?
(Risos) Não. Se contássemos, deixava de ser inesperado.
O que vos inspira a continuar a reinventar músicas e a pisar palcos por todo o país?
O amor pela música e a amizade que nos une. É isso que mantém a chama acesa e que faz com que cada concerto seja uma celebração.
Como lidam com o crescimento da vossa base de fãs e com o reconhecimento do público?
Com gratidão. Desde o início, quisemos que Os Pharol fossem mais do que uma banda — que fossem um movimento, uma comunidade, um espaço onde as pessoas se sentissem parte de algo. Ver essa ideia crescer é uma sensação incrível. Quanto mais gente entra nesse círculo, mais faz sentido o que fazemos.
Quais têm sido os maiores desafios desde a formação da banda em 2018?
Manter o equilíbrio entre a vida pessoal e a estrada, entre o sonho e a realidade. Tocar juntos é maravilhoso, mas exige muito trabalho, logística e resiliência. Também há o desafio de continuar a inovar e surpreender o público, sem perder a essência. Mas é justamente isso que nos faz crescer.
O que vem a seguir para Os Pharol depois do Coliseu? Há planos para uma digressão, um álbum ou outras surpresas?
Tudo isso e quatro pares de Doc Martens.
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