A Coligação Democrática Unitária (CDU) apresenta Rogério Raimundo como candidato a presidente da Câmara Municipal de Alcobaça para as eleições autárquicas de 2025, sob o lema “Ouvir, Envolver, Agir”. A proposta assenta num programa eleitoral elaborado após um processo de escuta alargado à população, mimetizando os problemas históricos e recentes do concelho, e define prioridades que se consideram essenciais para melhorar a qualidade de vida de todos os alcobacenses. Entre as principais frentes destacam-se: habitação, saúde e ação social, e governação municipal com eficiência, transparência e participação cidadã.

As prioridades da CDU para Alcobaça
Depois de muitos levantamentos de problemas — alguns persistentes ao longo de vários mandatos, outros emergentes em virtude das transformações sociais e económicas — a CDU procurou ouvir munícipes, parceiros sociais e técnicos, discutir com associações, escolas, IPSS, coletividades, e refletir internamente. O resultado é um programa eleitoral com 33 frentes de trabalho, distribuídas em cerca de 18 páginas, muitas ações concretas, exequíveis, com esforço da CDU mas incluindo participação efetiva da população.
1. Habitação
A CDU considera que a habitação é um direito constitucional e um elemento determinante para fixar população, atrair jovens, apoiar famílias, estudantes e trabalhadores, e promover desenvolvimento económico e social. Alcobaça enfrenta carências significativas:
O preço da habitação para compra tem-se elevando consideravelmente;
Idealista
O mercado de arrendamento é praticamente inexistente ou com preços inacessíveis para muitas famílias;
O mercado de habitação a custos controlados ou apoiada encontra-se saturado ou com oferta muito limitada.
Segundo estudo encomendado pela Câmara em 2021, há cerca de mil famílias com necessidades habitacionais urgentes.
Destes, até à data, foram apoiadas cerca de 350 famílias (provavelmente via renda), deixando ainda 650 famílias por apoiar. A CDU compromete-se a reavaliar esse levantamento e:
promover a construção de habitação a custos controlados;
criar arrendamento apoiado;
requalificar património municipal para reforçar oferta de habitação;
estimular proprietários privados para colocar habitação no mercado arrendatício;
oferecer respostas habitacionais distribuídas por toda a cidade e pelas freguesias, não concentradas apenas nos centros urbanos.
2. Saúde e Ação Social
A saúde e a segurança social são vistas como áreas críticas no concelho. A CDU tem acompanhado de perto esta realidade, apontando falhas e propondo soluções.
A autarquia, após a municipalização da saúde, incluiu no debate a proposta da CDU de criar três novos Centros de Saúde. Porém, até agora, apenas um novo centro (na localidade de Évora) está previsto, e dois outros serão restaurados (Aljubarrota e Cela). Para a CDU, isso é insuficiente, considerando que a realidade das necessidades em saúde é dinâmica.
A inexistência de uma Unidade de Cuidados Continuados em Alcobaça é apontada como um falhanço grave: muitos doentes com alta hospitalar não dispõem de estabelecimento local com apoio médico/enfermagem para continuar terapia ou reabilitação, ou têm de se deslocar para fora do concelho.
Propostas da CDU para envelhecer com dignidade, valorização dos cuidadores informais e reforço da rede de cuidados primários, com ênfase na prevenção em saúde, para minorar a sobrecarga sobre a saúde curativa.
Reforço das respostas sociais através das IPSS e Misericórdias, garantindo que não faltem apoios essenciais no concelho.
3. Governação eficiente, transparente e participativa
A CDU acusa o atual executivo, liderado pelo PSD (Hermínio Rodrigues), de deficiências graves em termos de eficiência, de atraso em promessas, de falta de transparência e de má gestão dos recursos humanos e financeiros.
Critica-se o excesso de assessores e o baixo retorno de produtividade percebido;
Lembra-se casos concretos de decisões que causaram prejuízo ao concelho:
O pagamento de 5 milhões de euros por água que não foi consumida; só a CDU votou contra.
A PPP nos Centros Escolares de Alcobaça e da Benedita: mais uma vez, a CDU alertou para os riscos; o concelho perdeu financiamento de cerca de 85% desses centros, valor que se aproxima de 3 milhões de euros.
A expropriação de terrenos da empresa Raimundo & Maia entre o Rio Alcoa e o Mosteiro: evitou-se a expropriação até que os preços subiram; o custo final ficou cerca de três vezes superior ao valor inicial estimado (800 mil euros).
Outro exemplo de atraso institucional é a Revisão do Plano Diretor Municipal (PDM): levou 24 anos para ser concluída, e apesar de aprovada em Assembleia Municipal em julho de 2025, o processo sofreu críticas quanto à falta de transparência no acesso ao conteúdo pelos cidadãos, e quanto ao envolvimento das freguesias. A CDU propõe que o PDM revisto seja objeto de divulgação clara em cada freguesia, com reuniões públicas, sessões esclarecedoras com técnicos, para que os munícipes compreendam, participem e possam propor melhorias.
A CDU propõe ainda uma governação em que os munícipes sejam consultados, envolvidas as freguesias, organizações da sociedade civil, instituições, num modelo de decisões mais participadas;
Garantia de rigor financeiro, transparência nos concursos, nas contratações, evitando negociatas, tráfico de influências, manual de boas práticas na administração municipal.
Histórico da CDU e do Partido Comunista em Alcobaça
Para compreender plenamente o projeto que a CDU apresenta em 2025, importa regressar ao seu percurso no concelho ao longo das últimas décadas:
O PCP, principal componente da CDU, tem presença com histórica atuação em Alcobaça nas freguesias, nas assembleias municipais, nas coletividades, nas lutas pelos direitos dos trabalhadores/escolas/serviços públicos, e como voz crítica das políticas locais.
A CDU teve, durante muitos anos, representação na Câmara Municipal de Alcobaça, incluindo vereadores, mesmo em mandatos em que o PSD obteve maiorias, mas atualmente encontra-se sem representação neste órgão executivo.
Nas eleições autárquicas de 2017, por exemplo, a CDU perdeu o vereador que detinha, passando a ter apenas representação nas assembleias (municipal e de freguesia) em algumas freguesias.
Em 2021, a cabeça de lista da CDU foi Clementina Henriques; embora tenha havido algum decréscimo no número de votos, manteve-se como força com expressão no concelho.
Este historial confere à CDU legitimidade para reivindicar uma alternativa ao PSD no concelho, destacando-se tanto pelas propostas como pela coerência ideológica, pela independência crítica em muitas matérias, e pela proximidade com a população.
Biografia de Rogério Raimundo
Rogério Manuel Madeira Raimundo, de 74 anos, é professor aposentado de Matemática, com cerca de 30 anos de exercício no ensino do 3.º ciclo e ensino secundário.
Ao longo da sua vida, para além da profissão docente, acumulou funções associativas, sindicais e autárquicas:
Foi vereador da Câmara Municipal de Alcobaça em vários mandatos, desde 1998 até outubro de 2017.
Membro da Assembleia Municipal de Alcobaça por dois mandatos e membro da Assembleia de Freguesia da Cela (um mandato).
Dirigente associativo: no Centro Cênico da Cela, durante cerca de 50 anos; dirigente da Nova União das Coletividades do Concelho de Alcobaça; participante no Conselho Nacional da Confederação Portuguesa das Coletividades; dirigente sindical no Sindicato de Professores da Região Centro por 15 anos.
Atuou em causas relacionadas com a proteção de crianças e jovens como secretário e presidente da Comissão de Proteção de Crianças e Jovens (CPCJ) de Alcobaça.
Assume a candidatura com “gosto”, apesar da idade — afirma sentir-se com energia para a batalha eleitoral, mostrando motivação para retomar uma presença mais ativa no executivo municipal.
Posicionamento face aos adversários e críticas
Rogério Raimundo e a CDU apontam o PSD, atual partido do presidente da Câmara, Hermínio Rodrigues, como o partido responsável por falhas sistemáticas em promessas eleitorais, por atrasos ou omissões em obras ou intervenções sociais esperadas, e por não corresponder adequadamente às necessidades habitacionais e sociais do concelho. Entre as críticas mais fortes:
A promessa de construção de habitação para jovens no centro da cidade, falhada.
A falta de iniciativas imediatas de arrendamento ou de restauro de edifícios antigos para famílias carenciadas, apesar das necessidades evidenciadas.
O alheamento ou lentidão na criação de respostas de saúde, sobretudo em cuidados continuados.
Conclusão
Com base nestes eixos — habitação, saúde/segurança social, governação — a CDU propõe uma visão de Alcobaça diferente da que tem sido conduzida nos últimos 28 anos de governo PSD: mais participativa, mais transparente, mais social. O projeto da CDU assenta numa ideia de serviço público como prioridade, de compromisso com a palavra dada, de combate a desigualdades territoriais (cidade vs freguesias), de dignidade para a população, de atenção especial aos mais vulneráveis.
Se for eleito, Rogério Raimundo promete colocar em prática este programa com clareza de objetivos, prazos definidos, participação das pessoas afetadas, fiscalização cidadã e prestação de contas ao longo do mandato.