O Município da Nazaré iniciará a 11 de maio um programa de visitas regulares a São Gião, que acontecerão às segundas quartas-feiras de cada mês, no período das 14h30 – 15h30.
As visitas guiadas à Igreja de São Gião pretendem dar a conhecer a história de uma das mais antigas igrejas de Portugal através da explicação da sua cronologia histórica que, de acordo com os vários trabalhos de investigação ali realizados, revelou vestígios de ocupação humana desde o período romano até ao século XVIII.
A possibilidade de visitar o Monumento prende-se com o esforço da Câmara Municipal da Nazaré para resolver um processo com décadas, dando início à empreitada de recuperação do imóvel em 2018, obra que terminou nos princípios do ano de 2021.
Os interessados devem inscrever-se nestas visitas guiadas, por email ou telefone.
Visitas guiadas a São Gião
Ponto de encontro: Junto à Igreja de São Gião
Número máximo de visitantes: 20 pessoas/visita
Coordenadas geográficas:
Latitude: 39º 33’ 47” N
Longitude: -9º 05’ 22” W
Distância: 2.120 mts
Contacto: 262 562 388 (ext: 383) ou 262 561 944
Email: ggpc@cm-nazare.pt
Breve nota histórica sobre São Gião
Os trabalhos de Eduíno Borges Garcia, iniciados em 1962, a que ulteriormente se associou Fernando de Almeida, visaram a análise da arquitetura do edifício e dos elementos escultóricos ali encontrados, a par da caracterização de diversos achados arqueológicos, conduzindo à conclusão que se tratava de um templo visigótico.
O importante trabalho de Helmut Schlunk, de 1971 baseado naqueles estudos e na observação in loco do templo, conduziu à contextualização daqueles resultados nas práticas litúrgicas da época, salientando algumas particularidades arquitetónicas observadas e com elas diretamente relacionadas.
A intervenção do Dr. Octávio da Veiga Ferreira abordou a caracterização das faunas mamalógica e malacológica recolhidas não deixando de relevar a importância das sepulturas encontradas na envolvente próxima do templo.
A última intervenção arqueológica efetuada em São Gião, sob a direção de Luís Fontes, realizada entre os anos de 2000 a 2005, no âmbito dos trabalhos preparatórios e de salvaguarda para a colocação de uma estrutura de escoramento e de uma proteção metálica que envolvia os edifícios, resultou na análise da evolução arquitetónica do edifício, tendo-se identificado novos elementos, especialmente um edifício romano pré-existente que terá sido utilizado até o século V-VI, antecedendo a construção do templo.
Os trabalhos de arqueologia ali realizados permitem prever uma ocupação do local de São Gião, após o período muçulmano, desde o século XII até ao século XVIII, época em que terá sido encerrada a igreja ao culto, mas não o local de São Gião à utilização social e económica.
O local de São Gião desempenhou um papel aglutinador de comunidades monásticas e não monásticas, não só pela função cultural, mas com maior propriedade pelas condições naturais que o local oferecia para a sobrevivência de todos os que se instalaram naquele local.
A igreja de São Gião continuará a ser um espaço onde o sagrado, o natural, o social e o económico convivem lado a lado, esperando que a arqueologia continue a revelar-nos novas evidências, independentemente da cronologia dos achados, sobre a importância patrimonial e histórica da Igreja de São Gião da Nazaré.
0 Comentários