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Entrevista a João Paulo Delgado candidato da CDU

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...2as prioridades são salvar as pessoas, os empregos, as empresas..."

Região da Nazaré: Por que razão decidiu avançar com uma candidatura à Câmara Municipal da Nazaré?

João Delgado: No fundamental, aquilo que sempre me fez avançar foi um apurado sentido de missão e a luta incessante por uma sociedade mais justa e solidária. Estes são desígnios que há muito me mantêm intimamente ligado às causas das populações que são também as minhas causas. Por outro lado, integro uma candidatura repleta de pessoas com um percurso exemplar do ponto de vista cívico, político e profissional. Por último, o trabalho desenvolvido nos últimos anos, de denúncia, oposição e proposta, são a garantia do muito que somos capazes de fazer.

Região da Nazaré: O que acha que o executivo da Câmara (PS) deixou por fazer nestes oito anos à frente do município da Nazaré? Quais as propostas mais relevantes que pretende fazer nos próximos quatro?

João Delgado: O executivo deixou quase tudo por fazer em áreas que são centrais para a CDU. Maltratou, deliberada e consecutivamente, a democracia dentro e fora dos órgãos autárquicos. Nunca, em oito anos, teve capacidade de estruturar uma oferta cultural de qualidade e com projeto de futuro. Distanciou-se sempre do movimento associativo e, em algos casos, foi ao ponto de o hostilizar. Nunca teve uma visão de concelho, mas uma visão centralista, sem capacidade de diversificar o investimento necessário à dinamização das freguesias e lugares que se mantêm sem horizontes de desenvolvimento. Não resolveu questões elementares como a criação de núcleos habitacionais para albergar quem tem sido “expulso do concelho”. Não teve capacidade de travar o descalabro espelhado nos dados estatísticos, onde todos os indicadores revelam o desastroso rumo a que estamos sujeitos. Não foi capaz de gerir as contas públicas objetivando baixar impostos à população, assumindo sempre uma atitude despesista. Não soube respeitar os direitos dos trabalhadores e os direitos sindicais, promovendo despedimentos coletivos. Não fez o que devia ao nível da rede infraestrutural de abastecimento público de água e resíduos. A CDU, bem pelo contrário, fará uma gestão apoiada na cooperação com as organizações da sociedade civil e promoverá a dinamização de práticas democráticas, inclusive nas escolas. Fará um robusto investimento na estruturação de um projeto cultural que produza conhecimento e desenvolva a produção e fruição artística. Contará com todos os trabalhadores e respeitará todos os seus direitos. Promoverá e apelará ao investimento no setor primário e na indústria através de uma estratégia de comunicação direcionada a projetar o Porto da Nazaré, as indústrias ligadas ao Mar e a ALE VF como vetores de fomento de emprego, produção e criação de riqueza. Praticará políticas internas que impeçam o despesismo vigente, para que possamos renegociar o abaixamento de impostos às populações. Criaremos núcleos de habitação a custos controlados, em sistema cooperativo, em vários pontos do concelho e procuraremos soluções no centro das freguesias para arrendamentos de longa duração e com valores compatíveis com os rendimentos das famílias. Investiremos na rede de abastecimento público de água e resíduos. Ativaremos um Turismo descentralizado, ao serviço das populações e amigo do ambiente.

Região da Nazaré: O que pretende fazer para fixar a população no concelho da Nazaré e captar empresas e indústria? E para valorizar o comércio tradicional?

João Delgado: Para fixar as pessoas é urgente resolver os problemas da habitação; do abaixamento de impostos; do fomento do trabalho com direitos e com rendimentos justos; promover a integração e participação cívica, designadamente em associações dinâmicas e devidamente apoiadas; desenvolver uma oferta cultural adequada, diferenciadora e de qualidade; apoiar a prática desportiva, particularmente ao nível da formação nas diversas modalidades; pugnar por serviços públicos de proximidade e qualidade, garantir um sistema de Ensino e Educação plural, integrador e diversificado; uma rede de transportes públicos que garanta a mobilidade a todos e a construção de parques de estacionamento periféricos; proteger o património edificado, natural e a qualidade ambiental – estas são as bases do concelho que queremos construir, devolvendo-o às pessoas.

Já há muito que a CDU afirma que a melhor forma de proteger o comércio tradicional é impedir a instalação desenfreada da grande distribuição. Por outro lado, e em conjunto com a ACISN, é possível, e desejável, desenvolver iniciativas descentralizadas de promoção do pequeno comércio recorrendo a eventos culturais, gastronómicos e artísticos que possam atrair os consumidores em época baixa, esbatendo os gritantes níveis de sazonalidade da atividade económica no concelho.

Região da Nazaré: Estamos ainda a viver uma pandemia. Avizinham-se tempos muito difíceis, com uma crise económica. O que pretende fazer na área social, no concelho, para ajudar as pessoas e as empresas?

João Delgado: Essas sim são as prioridades – salvar as pessoas, os empregos, as empresas e não, tal como o PS tem feito, investir milhões em atividades redundantes, almejando uma visibilidade sem precedentes dos elementos do executivo, e designadamente do seu presidente, a pretexto de um hipotético aumento da atividade económica (que depois se esvai na carga brutal de impostos que todos pagamos).

Neste campo, o reforço do orçamento para a ação e intervenção social será naturalmente realizado bem como o apoio a todas as organizações da sociedade civil que fazem um trabalho insubstituível, em complementaridade com o Estado local, de apoio às famílias ou a pessoas individuais que carecem de cuidados e necessidades várias. É apoiando, dialogando e cooperando que governamos melhor – assim será a governação da CDU.

Região da Nazaré: Quais as suas expetativas em relação ao resultado? O que é para si um resultado razoável ou ideal?

João Delgado: Pelo apoio que estamos a sentir junto das populações, as expectativas são muito animadoras. Estamos, pela equipa que temos e pelo trabalho feito, preparados para quaisquer responsabilidades que a população nos queira atribuir. No entanto, sabemos o longo caminho que temos percorrido e o muito que está por fazer. Assim, a entrada no executivo municipal, ganhar a Freguesia de Valado dos Frades, reforçar a representação na assembleia municipal, na assembleia de freguesia da Nazaré e entrar na assembleia de freguesia de Famalicão são os objetivos realistas que traçamos para estas eleições.

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