Contrariamente ao que na altura foi noticiado, Nadiya Ferrão, de 55 anos, natural da Ucrânia, não chegou a falecer no dia em que foi atingida a tiro por Roberto Arcari, de 64 anos, de nacionalidade italiana.
Foi intervencionada mas não recuperou dos danos cerebrais causados, que se revelaram irreversíveis, e morreu no dia 1 de março.
Apenas um círculo muito restrito de familiares e amigos acompanhava a evolução do seu estado de saúde. “Toda a gente pensou que ela tinha morrido. Quando foram para fazer a autópsia, ela acordou e depois entrou em coma. Agora não aguentou”, contou uma familiar.
Os familiares não chegaram a efetuar o reconhecimento do corpo porque não havia nenhum cadáver para ser identificado. A circunstância de a mulher não ter morrido na altura conseguiu ser mantida em segredo porque devido à pandemia a ausência de informação sobre o funeral não motivou muita estranheza.
A mulher estava radicada em Peniche há alguns anos. Em circunstâncias que se desconhecem mas que estarão relacionadas com uma frustrada tentativa de relação amorosa por parte do italiano, ambos foram descobertos com sinais de terem sido baleados na cabeça.
A arma de fogo estava junto ao cadáver do homem, que se terá suicidado após disparar contra a mulher, no interior da autocaravana, de matrícula italiana.
Fonte da Polícia Judiciária divulgou que se terá tratado de um homicídio seguido de suicídio, sem intervenção de terceiros.
Sangue na autocaravana
Uma pessoa ao passar pelo Cabo Carvoeiro apercebeu-se de vestígios de sangue junto à autocaravana e deu o alerta, tendo comparecido no local a PSP, Polícia Marítima, PJ, VMER das Caldas da Rainha, bombeiros de Peniche e INEM, no total de dezanove operacionais e dez viaturas.
Um helicóptero chegou a ser acionado mas foi desmobilizado por se entender que devido ao estado da ferida grave não seria o meio de transporte mais adequado. A mulher foi estabilizada e transportada de ambulância para o hospital de Santa Maria.
A vítima era casada e ajudava a gerir o café do marido no centro da cidade de Peniche, para além de trabalhar numa fábrica de conservas. Tinha uma filha de um anterior relacionamento na Ucrânia. O marido, António Ferrão, de 57 anos, que sofria um problema de saúde, faleceu a 14 de janeiro deste ano.
Num vídeo gravado em agosto do ano passado no café por um cliente amigo, Nadiya aparecia sentada ao balcão ao lado do homem que a matou, apresentando-o como “um senhor italiano”. Roberto brincava que não era “mafioso” e a mulher acrescentava: “É boa pessoa”.
Roberto vivia em Barcelona, Espanha, e encontrava-se há mais de seis meses em Portugal. Assistente social aposentado, tinha como paixão as viagens em caravanas. Foi treinador de futebol em Itália nas camadas jovens e amadoras.
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