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Profissionais do Centro Hospitalar do Oeste aprendem a lidar com casos de violência

Francisco Gomes

EXCLUSIVO

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Os profissionais de saúde do Centro Hospitalar do Oeste (CHO) receberam uma ação de formação sobre como identificar casos de violência e de que forma agir ao tomarem conhecimento de situações com que se deparem no exercício das suas funções.

A iniciativa, realizada na manhã de 15 de novembro, no corredor do Serviço de Urgência do hospital das Caldas da Rainha, teve a participação do Gabinete de Atendimento à Vítima de Violência Doméstica (GAVVD) da Câmara Municipal das Caldas da Rainha.

Sandra Mónica, do GAVVD, sublinhou que a ideia de abordar a violência doméstica ou interpessoal (qualquer força de uso intencional da força para coagir ou intimidar ou lesar integridade das pessoas) visou levar os profissionais a “compreender para intervir”.

“O profissional de saúde confrontado com qualquer das situações deverá estar suficientemente informado para poder apoiar, informar e encaminhar”, frisou, explicando que no atendimento dos casos tem de haver uma “escuta ativa, não estando desprendido”, ou seja, há que manifestar interesse no que a vítima está a dizer, em paralelo com o atendimento clínico. “Não quer dizer que se tenha de ir a correr a ligar à polícia. Essa é a parte final”, comentou, justificando que “o tempo da justiça é diferente, mas pode ser a mãozinha amiga que a pessoa precisa, porque a identificação das situações torna tudo mais eficiente no auxílio às vítimas”. Isto porque se há quem seja vítima e não esconda e quer denunciar, também em muitos casos há o receio de expor o caso, acabando por ocultar ou até mesmo negar, quando confrontado.

“O mais vulgar é não admitir a situação perante o profissional de saúde e há que ter uma estratégia de levar a pessoa a sentir-se suficientemente segura e motivada para sair dessa situação. As pessoas que admitem, elas próprias pedem ajuda, o problema é quem não pede, há uma grande percentagem”, disse a representante do GAVVD.

Para Sandra Mónica, “não é aceitável que os profissionais de saúde possam considerar que os casos de violência doméstica não são problemas seus, mas apenas da responsabilidade dos serviços sociais, da polícia ou dos tribunais”.

“Há um trabalho que se pode fazer respeitando os sigilos profissionais, porque o Serviço de Urgência pode ser o primeiro passo para fazer a diferença na vida das pessoas”, sustentou.

“Em primeiro lugar devem tentar identificar as situações e depois encaminhar quer para os serviços de ação social, serviços de psicologia e depois o GAVVD. Há uma série de ferramentas e o profissional de saúde não está só no Serviço de Urgência”, indicou.

O diretor clínico, António Curado, elogiou esta ação de formação promovida pelo Serviço Social da unidade das Caldas da Rainha do CHO, referindo que “qualquer canto do hospital serve” para realizá-la devido à sua importância. Relatou depois que nos dias de hoje se nota, “mesmo nas camadas mais jovens, a desconsideração pelo próximo, passando a situações de violência chocantes”. “Parece que não estamos a caminhar para uma sociedade com menos violência”, lamentou.

Sandra Mónica concordou: “Faço ações de sensibilização nas escolas e noto que os limites estão ultrapassados”.

De acordo com Filomena Cabeça, da administração do CHO, “este é um tema que interessa a toda a sociedade. O hospital tem de ter atos de cidadania e envolver-se com a sociedade, e esta ação mobiliza os diversos serviços do hospital. É fundamental porque as vítimas vêm ao Serviço de Urgência e só em rede é que os profissionais conseguem apoiar estas pessoas e mudar a sua vida”.

Fátima Clérigo e Helena Mendes, do Serviço Social da unidade das Caldas da Rainha do CHO, explicaram que esta ação serviu para assinalar o Dia Internacional para a Eliminação da Violência Contra as Mulheres, a 25 de novembro. “Decidimos fazer quinzena dedicada ao tema para alertar os profissionais, porque é um tema que levanta muitas dúvidas sobre a atuação”, relataram.

“Elaborámos pequenos guias com informação útil e nos locais próprios do Serviço de Urgência estão os protocolos de atuação, que permitem a deteção e sinalização mais precoce dos casos”, indicaram.

Outra ação foi uma exposição com diversos profissionais de saúde fotografados com frases apropriadas ao tema. As fotos foram tiradas por um colega, Cláudio Moura, e encontram-se patentes no refeitório da unidade das Caldas da Rainha do CHO..

Mini guia de procedimentos

Segundo o mini guia de procedimentos distribuído pelos profissionais de saúde, “a primeira preocupação de qualquer profissional que trabalhe com as vítimas de violência será sempre a de garantir a sua segurança e integridade”.

É recomendado que se escute a vítima “sozinha, de modo a que não se sinta constrangida pelo agressor” e se assegura “a confidencialidade do que é dito”.

“Não julgar as decisões, enfatizar que a violência nunca é justificável e afirmar que há vida sem violência e medo”, lê-se o pequeno manual.

O protocolo de atuação passa pela observação com o devido registo, se necessário com fotos das lesões e preservando provas. Articular com o Instituto de Medicina Legal e com o Ministério Público são outros passos.

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