A Exposição sobre a Nazaré no início do turismo balnear, através de uma seleção do espólio fotográfico de Álvaro Laborinho, pertencente ao Museu Dr. Joaquim Manso, pode ser visitada, até 18 de setembro, naquele espaço museológico.
Álvaro Laborinho (1879-1970) nasceu na Nazaré, filho de pescadores. Tinha uma loja de fazendas e atoalhados na Praça Sousa Oliveira; mas foi à fotografia que dedicou grande parte do seu interesse. Através da sua câmara surge o registo da Nazaré da primeira metade do século XX, num documento histórico e etnográfico essencial para reconstruir o passado e a imagem turística desta comunidade marítima.
A “praia de banhos” foi sistematicamente captada pelo olhar do autor.
Desde finais do século XIX e sobretudo a partir da primeira metade do século XX, novos conceitos de saúde e lazer abrem a Nazaré dos pescadores à burguesia da região, atraindo cada vez mais veraneantes, entre “palecos” e “senhoritos”, oriundos sobretudo do Ribatejo. “Ir a banhos” integrava hábitos anuais de convívio social, estendendo-se entre julho e setembro, e obedecia a um ritual com horários matinais para o “banho de mar”, tomado com a ajuda do popular “banheiro”. Quem não se aventurava nas ondas, assistia “à hora do banho” junto às barracas ou passeando até às “Pedras”.
Através das fotografias de Laborinho, assistimos à evolução da organização da praia da Nazaré, que foi sendo cada vez mais ocupada por barracas e toldos, em detrimento dos pescadores e embarcações, temporariamente afastados para Sul. Os vestidos compridos vão dando lugar a fatos de banho mais decotados. O tempo na praia vai aumentando e vão-se diversificando as ocupações de lazer.
Mas, entre estas fotografias com cerca de 100 anos e atualidade, se muita coisa mudou, há outras que permanecem… como o mar e a beleza da Praia da Nazaré e o afetuoso convívio entre veraneantes e nazarenos.
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