A insegurança e o receio da morte acompanham esta família, que abandonou a Síria em finais de 2014. Por questões de proteção só o chefe de família dá a cara. Talal Muchira, de 42 anos, era agricultor. Trouxe consigo a mulher e três rapazes e três raparigas. O filho mais velho tem onze anos. Há mês e meio, num campo de refugiados, nasceu mais uma menina.
Confessa que o medo da guerra ficou para trás. “Na minha casa na Síria, quando tentava dormir, estava sempre com medo de que o teto me caísse em cima a qualquer momento. Aqui estou calmo e as crianças também. Já nos começamos a sentir seguros. Era isso que queríamos”, afirma.
Após um ano e meio a fugir da guerra, um novo horizonte perspetiva-se para esta família síria na Nazaré. “Neste período todo as crianças estiveram sem escola. E isso foi uma grande preocupação. Aqui, na Nazaré, já estamos, com as pessoas responsáveis, a resolver a situação dos mais pequenos para estarem no jardim de infância e os maiores vão para a escola, por isso é um problema que já está resolvido. Num curto espaço de tempo, é uma grande alegria”, desabafa.
Um dia gostava de voltar ao país. Mas para isso, é preciso haver paz no território. “A minha casa e a minha mãe estão lá. A nossa vida está toda lá. Fui forçado a sair e qualquer oportunidade de paz seguramente vou voltar”, garante.
Nuno Batalha, presidente da Confraria da Nazaré, que acolhe provisoriamente a família no seu centro comunitário, afirma que “numa fase embrionária vai estar algum tempo no centro comunitário para ter um acompanhamento técnico até poder de uma forma mais social ser integrada na comunidade e começar a ter autonomia para ir às compras e fazer a vida normal de uma família”. Uma casa está a ser recuperada no Sítio para os realojar.
Zeidan Hiyasat, jordano que vive na Nazaré, ajuda na tradução. Crianças e pais vão aprender português e família terá um orçamento de 850 euros mensais disponibilizado pelo Serviço de Estrangeiros e Fronteiras.
“Vemos uma família que, de repente, depois de tudo aquilo por que passou, começou a olhar novamente para a vida”, declara Moisés Herves, capelão da Confraria da Nazaré.
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