As caricaturas, do acervo do Museu, faziam parte da coleção de Joaquim Manso (1878-1956), representando este jornalista e outras figuras da vida pública dos inícios do século XX.
Estão presentes artistas como Francisco Valença, Amarelhe, Armando Boaventura, Teixeira Cabral, Canelas e os estrangeiros Kelen Genf e Maribona, que, sobretudo a traço preto, destacam de forma bem-humorada ou crítica algumas personagens do círculo político e intelectual da época. Várias privavam de perto com Joaquim Manso e as suas caricaturas destinavam-se certamente à imprensa, nomeadamente ao “Diário de Lisboa”, de que Joaquim Manso foi fundador e diretor durante 35 anos.
“Género artístico que, em Portugal, vinha ganhando relevo desde o final do século XIX, com a ação do prodigioso e multifacetado Rafael Bordalo Pinheiro, a caricatura encontrou na imprensa um espaço público mais visível, que hoje a torna, a par da sua apreciação estética, numa fonte de significado sociológico ou num instrumento de descodificação da realidade histórico-político da época”, referiu Dóris Santos, coordenadora do Museu da Nazaré, na abertura da exposição.
Nas primeiras décadas do século XX, a caricatura e a visão humorista ocuparam um lugar de relevo também entre os artistas modernistas que procuravam romper com a linguagem oitocentista, entre os quais encontramos alguns dos artistas aqui patentes, como Amarelhe e Francisco Valença.
Do conjunto apresentado nesta exposição, sobressai a caricatura individualizada, centrada no exagero das particularidades físicas do rosto. Algumas, acompanhadas por anotações escritas, apontam a denúncia ou o comentário satírico da vida nacional.
O período da sua produção – anos 1920 e 1930 – é também interessante para a história da caricatura portuguesa, num momento de charneira, marcado, a nível internacional, pelo período entre-Guerras e, no país, pelo fim da I República e o início da Ditadura e o que esta significou em termos de orientação editorial e da liberdade de expressão na imprensa e na cultura em geral.
Notabilizando-se como escritor, ensaísta e jornalista, Joaquim Manso passava as férias nesta vila piscatória, no edifício que vem a ser doado ao Estado em 1968, para aí se instalar o Museu da Nazaré, inaugurado em 1976.
Nesta exposição, é apresentada pela primeira vez parte da coleção de caricaturas do jornalista, doadas ao Museu em 1977, pelo filho Eng. Pedro Manso Lefèvre.
Manuel Sequeira, vereador da cultura, referiu, a propósito da mostra, a importância de “ter à nossa disposição um conjunto de trabalhos, que são do espólio do Museu, expostos ao público da Galeria”.
A exposição pode ser visitada de segunda a sexta-feira, das 9h30 às 13h00 e das 14h00 às 18h00. Aos sábados, das 15h00 às 18h00.
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