“Vamos instalar uma empresa comercial nos Estados Unidos, cuja constituição e base logística estará concluída em 2016 e que arrancará em janeiro de 2017”, afirmou à agência Lusa Nuno Radamanto, realçando que inicialmente a empresa irá vender nos Estados Unidos e Canadá.
Esta nova empresa terá “uma escala superior” face à que a ICEL – Indústria de Cutelarias da Estremadura vai instalar no Brasil, em janeiro do próximo ano, tendo como parceiro a brasileira VAL PINO, e que se denominará ICEL VAL PINO, salientou o gestor.
“A oferta de produtos de cutelaria que serão comercializados nos Estados Unidos e no Canadá será maior, pois além daqueles que serão vendidos pela ICEL haverá também os da espanhola Bueno Hermanos”, explicou à Lusa Nuno Radamanto, indicando que, numa fase posterior, a empresa que vai ser constituída nos EUA “irá olhar” para os mercados da América Latina, como é o caso da Colômbia.
Fundada há 70 anos, com uma fábrica na Benedita, concelho de Alcobaça, a ICEL é uma empresa familiar de cutelaria que vai na terceira geração e que em 1972 iniciou a exportação, tendo prosseguido um “caminho sustentado, gradual mas contínuo e não ambicioso em demasia”, segundo o gestor.
No pico da crise de 2008, na Espanha e Grécia, que eram mercados de forte exportação para ICEL, a faturação da empresa caiu em cerca de 70% , o que levou a que o fabricante português de facas elegesse os países do sudoeste asiático e do Médio Oriente como novos destinos para aumentar as suas vendas além-fronteiras.
O Dubai passou a ser a plataforma para as vendas nos países do Médio Oriente, enquanto Singapura passou a ser utilizada como plataforma para os países do sudoeste asiático, nomeadamente, o Vietnam, Filipinas e a Tailândia.
As exportações da ICEL representam atualmente 80% da sua faturação global, devendo a empresa encerrar este ano com um volume de negócios na ordem dos 8 milhões de euros, mais 6,7% que em 2014.
Nos últimos três anos, o crescimento da empresa fora de Portugal foi de 14% , enquanto no mercado nacional cresceu 22% , suportada em ganhos de quota de mercado.
“No próximo ano, o crescimento do volume de negócios será mais limitado”, avisou o gestor.
Ao longo dos últimos três anos, a ICEL fez “um esforço comercial e de racionalização de todos os custos”, esclareceu Nuno Radamanto, lembrando ainda que, desde então, a empresa passou também a apostar “em pleno” no seu ‘know how’ técnico e na rentabilidade dos produtos.
A empresa investe, em média, entre 500 mil a 600 mil euros por ano, sendo que a melhoria da capacidade de produção “é contínua”, segundo o responsável da ICEl.
Atualmente, 91% da produção da fábrica na Benedita é constituída por produtos de marca própria, quando há três anos estes representavam 71% do total produzido.
“As vendas atuais com a marca própria permitem à empresa sustentar, por si só, o negócio”, sublinhou Nuno Radamanto, referindo que a China vai ser um dos mercados em que a ICEL vai reforçar a sua aposta no próximo ano.
A ICEL iniciou a exportação direta para as empresas chinesas a partir de Hong Kong há cerca de sete anos e está a “ter um grande sucesso num espaço de tempo curto”, pois a classe média na China “está a crescer e denota uma forte apetência pelos produtos fabricados pela empresa”, segundo o gestor.
Além disso, o setor da hotelaria e restauração “está também em crescimento” no país, que é outro dos compradores de produtos da ICEL, além de influenciar “o gosto da classe média chinesa”, salientou.
A empresa emprega atualmente 168 trabalhadores.
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