Ensemble Discantus grava novo disco no Mosteiro de Alcobaça

Paulo Alexandre

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Seduzidas “pelo concerto no mosteiro [de Alcobaça], a 25 de julho deste ano", as sete cantoras e instrumentistas, que compõem o Discantus, voltam ao local que consideram “magnífico”, para gravar em disco o reportório então interpretado “em torno das Cantigas de Santa Maria”, de Afonso X, disse à agência Lusa a diretora do agrupamento, a cantora e mestrina Brigitte Lesne.

O disco terá as 18 canções interpretadas no concerto integrado no Cistermúsica – Festival de Música de Alcobaça, incluindo peças da monodia lírica do século XII e reportório litúrgico que, explicou a mesma responsável, “foi reconstituído em torno da ideia de um concerto na corte de D. Afonso, o Sábio [rei de Castela e Leão], que era apontado como o compositor destas cantigas, ainda que não as tenha composto”, mas recolhido.

As primeiras faixas do disco, que começou a ser gravado no início da semana passada, foram feitas “no Dormitório [do mosteiro], onde demos o concerto no Verão”, mas, “o barulho provocado pelas visitas causou alguns atrasos, porque só podíamos gravar depois do encerramento ao público”, afirmou Brigitte Lesne.

A intensa chuva que se fez sentir em Alcobaça, no início da semana, agravou ainda mais a situação, levando a que as cantoras tivessem optado por continuar o trabalho “no antigo Celeiro do mosteiro”, junto uma das aulas e com uma vista privilegiada sobre a cidade.

Ainda assim, a gravação obriga a um trabalho intensivo das intérpretes para terminar, até hoje, o disco que, ainda não tem título, mas que admitem que possa chamar-se “Santa Maria”, numa alusão ao reportório e ao próprio mosteiro.

As cantoras que gravam habitualmente em mosteiros integrados no património da humanidade, ressalvam a “acústica” do monumento cisterciense, como fator primordial na escolha do local para a gravação.

“A acústica da pedra é muito importante para a nossa música, sobretudo para a música religiosa, porque o canto pode verdadeiramente expandir-se”, afirmou a diretora do Ensemble.

Brigitte Lesne destaca igualmente “a importância de tudo o que representa este local” – o Mosteiro de Alcobaça -, de construção contemporânea das peças que interpretam. Um fator que intensifica “a sua adequação à nossa música”, afirmou.

O disco tem ainda a particularidade de as canções serem “acompanhadas por instrumentos medievais”, construídos a partir de representações do manuscrito das cantigas, que reúne originalmente cerca de 420 trechos, constituindo, assim, uma atuação de exceção das cantoras, que normalmente usam apenas voz e sinos de mão.

O disco vai ser editado em França, em abril do próximo ano.

O Ensemble Discantus, cuja formação, exclusivamente feminina, oscila entre as seis e as novas cantoras, reúne, no disco, além de Brigitte Lesne (canto, harpa-saltério, sanfona, percurssões e sinos de mão), as vozes de Catherine Sergent (canto, saltério e sinos de mão), VivaBiancaluna Biffi (canto, viola de arco e sinos de mão), Hélène Decarpignies (canto e sinos de mão), Lucie Jolivet (canto e sinos de mão) e Caroline Magalhães (canto e sinos de mão).

Fundado em 1989, sob a direção de Brigitte Lesne, o Ensemble Discantus investiga, em particular, o repertório de origem medieval, dando particular atenção às linhas melódicas, ritmo e ornamentação, através da pesquisa de fontes originais da chamada “ars antiqua”.

Os diferentes álbuns do agrupamento têm sido distinguidos, entre outros, com prémios Diapason e Gramophone. A gravação dedicada à polifonia do compositor flamengo Gilles Binchois, do século XV, foi disco do ano do jornal Le Monde em 2010.

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