Apesar dos receios dos efeitos do embargo da Rússia, um dos principais consumidores de pera rocha, para onde foram exportadas 6.500 toneladas em 2013/2014, cerca de 6,5% das exportações, o setor conseguiu escoar a pera para outros mercados”, explicou Aristides Sécio, presidente da ANP, à agência Lusa.
A pera rocha era o produto português mais vendido em quantidade na Rússia.
O setor da pera rocha não só exportou mais fruta para mercados já seus consumidores, como alargou o leque dos países emergentes que começam a provar a pera rocha do Oeste, entre os quais a Arábia Saudita, China, Singapura, Sri Lanka, Nigéria, Gana, Emirados Árabes Unidos e o Uruguai.
Contudo, o efeito mais negativo da proibição da Rússia à entrada de produtos europeus foi o aumento da fruta nos mercados europeus, os principais absorvedores dessa oferta. “Como se aumentou a oferta, os preços caíram”, frisou.
Segundo o dirigente, a desvalorização do Real, no Brasil, o país que mais consome aquela fruta, contribui também para a desvalorização do preço.
“Não foi uma boa campanha, porque, por um lado o efeito do embargo russo fez com que os mercados da Europa sobretudo ficassem inundados de fruta e por outro lado assistimos ao esmagamento dos preços. É um ano de má memória para os fruticultores”, rematou Aristides Sécio.
Na colheita, que decorreu durante o mês de agosto, o setor conseguiu uma produção de 133 mil toneladas, abaixo de 2014, com 202 toneladas colhidas. Contudo, as peras são maiores e avizinham-se preços mais altos.
“Por razões climáticas e sanitárias, a produção teve uma quebra de 32% . Houve uma quebra de vigamentos que, por si só, é responsável por uma quebra de 10 a 15% da produção. Depois tivemos o problema de um fungo junto à colheira, que afetou entre 25 a 30% “, justificou o dirigente.
Com o setor a viver das poupanças para evitar despedimentos, a ANP estima que os problemas se possam agravar, a manter-se o embargo russo.
“Com menos produção, mesmo que se consiga um melhor preço de venda e com o efeito do embargo russo, naturalmente no horizonte se perspetiva um cenário pouco animador”, adianta o presidente da associação.
Em 2014/2015, a pera rocha rendeu ao país cerca de 120 milhões de euros, dos quais 90 milhões obtidos na exportação.
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