A organização solicitou a doze compositores para se apresentarem a concurso. Segundo a cantora, natural da Nazaré, “a ideia deste tema vai ao encontro do slogan deste ano da Eurovisão, que é “Construir Pontes”. Ou seja, “uma ligação entre o fado e os vários tipos de fado no plano nacional”.
Esta composição vai competir na próxima quinta-feira, na semifinal do festival, marcando assim o regresso da intérprete à televisão, onde por duas vezes ficou em segundo lugar.
A letra de “Um fado em Viena” é um poema do caldense Jorge Mangorrinha. A vocalista classifica a canção como “uma melodia mista, que funciona como uma espécie de fusão entre várias coisas, como o que é nosso e o que não é nosso, neste caso a valsa vienense”.
O tema procura também, segundo a intérprete, “ultrapassar barreiras e que nos consiga levar a bom porto, ou seja, que consigamos vir a representar as cores da nossa bandeira na Eurovisão”. Teresa Radamanto afirmou que as esperanças para este ano são muito positivas, pretendendo “dar a conhecer o projeto da melhor maneira para que todos acreditem nele como nós acreditamos”.
Em relação o fato de Portugal nunca ter ganho nenhum festival da Eurovisão, a cantora admitiu que Portugal não é um país que tem a influência que os outros têm e isso influencia as grandes vitórias”. No entanto, mencionou o conceito da ”universalidade da música”.
A pretensão, no momento, “é que a semifinal nos corra bem e que consigamos o primeiro lugar na final”.
Cantora profissional, Teresa Radamanto é formada em Língua e Cultura Portuguesa. Frequentou a Academia dos Amadores de Música. Foi presença marcante em diferentes programas de talentos: Big Show Sic, Reis do Estúdio, Chuva de Estrelas, Operação Triunfo e À Procura de Sally. Recebeu o “Guilhim de Cristal” para revelação vocal. Participou como atriz e cantora na peça A Aposta. Integrou o agrupamento Faces. Deu voz em programas como Dança Comigo e A Minha Geração.
Poema original de Jorge Mangorrinha
Um poema original de Jorge Mangorrinha deu origem a “Um Fado em Viena”. É a canção número três da segunda semifinal (a primeira realiza-se hoje). A final será no sábado à noite, diretamente dos estúdios da RTP.
O poema, escrito propositadamente para este objetivo, foi musicado por Fernando Abrantes. Ambos reuniram para este efeito, na sequência do projeto em comum que desenvolvem (“Viagens do Fado”, no qual Jorge Mangorrinha é autor dos conteúdos e poemas musicados por nomes consagrados da música portuguesa e internacional), e também partiu deles a escolha de Teresa Radamanto para dar voz à canção.
Teresa Radamanto referiu que “a canção fala da universalidade da música, das pontes que esta constrói entre as diferentes culturas do mundo e da forma como derruba barreiras e passa fronteiras”. “Gostaria que fossemos – todos – a favor dessa universalidade. Num momento em que o mundo passa por momentos tão conturbados, celebremos a vida através da música e deixemos que ela nos una. Façamos da música uma ponte entre os povos”, manifestou.
“É uma canção que pretende tornar-se uma melodia do domínio público, com notas e palavras que todos apreendam facilmente, ingredientes estes que, em geral, são os que fazem uma canção ter sucesso”, indicou Jorge Mangorrinha, que apontou que “esta participação é uma aposta forte, não só para vencer em Lisboa, como para dignificar o país”.
A nazarena vai ter de enfrentar nomes como Simone de Oliveira e Adelaide Ferreira, que também são concorrentes.
O mote da Eurovisão para este ano é “Construindo pontes” e, a propósito, a equipa entendeu estabelecer uma ligação entre Portugal e o país anfitrião deste ano, a Áustria, e entre Lisboa e Viena, propondo uma fusão de expressões musicais – “o fado vai ao encontro da valsa”, referiu o seu autor, que também foi o responsável e coordenador do primeiro estudo científico sobre as representações de Portugal na Eurovisão, na perspetiva da promoção turística, realizado a propósito dos 50 anos de adesão da RTP aos festivais eurovisivos e editado no ano passado. Aliás, frisou, “é pioneiro que um investigador leve o seu estudo à experiência prática de uma canção”.
A juntar ao conceito, o caldense sublinhou que “a intérprete quer muito representar Portugal na Eurovisão. É uma voz de excelência no panorama da música portuguesa e com uma excelente imagem”.
Jorge Mangorrinha é professor universitário, formado em Arquitetura, História (ramo Património), Urbanismo e Turismo. Foi vereador na Câmara das Caldas. Frequentou a Academia dos Amadores de Música e tornou-se autor de poemas para fados e canções.
Fernando Abrantes é um músico formado em Engenharia de Som, em Düsseldorf. Integrou a banda pop eletrónica alemã Kraftwerk e foi um dos produtores da música oficial da Expo’98. Participou em diferentes edições do Festival RTP da Canção como compositor e produtor musical, fazendo parte da equipa vencedora em 1993, com “A Cidade (até ser dia)”.
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