Renúncia ao PSD
Quando foi confrontado, na altura, com a vontade do atual presidente de fazer a concessão das águas da Nazaré a privados, António Salvador não concordou, pois considerava que “deviam e devem estar nas mãos do Estado pelas entidades públicas e não privadas”. E foi por estar em desacordo com a gestão do atual presidente da Câmara que António Salvador renunciou à militância do partido.
“Eu senti que era essa a vontade da população: manter a gestão pública das águas. Ideologicamente é essa a minha posição e, portanto, só podia ser coerente comigo próprio”, refere, recordando ainda que a 17 de setembro de 2012 renunciou aos pelouros e ao ordenado, e votou contra este processo sozinho: “Todo o executivo votou a favor e eu contra”.
“Continuo a ser social-democrata e não abdico dessa posição porque a visão ideológica é essa“, afirma o candidato quando questionado sobre a sua posição dentro dos princípios democráticos a nível nacional, mas considera que a política que está a ser posta em prática neste momento “não tem nada a ver com aquilo em que acredito e defendo e, portanto, não poderia estar dentro de um partido onde não me revejo”.
Confessa que a renúncia ao partido lhe permitiu ter uma “maior liberdade como cidadão” para poder pronunciar-se e “dizer a verdade às pessoas”.
Motivação que o levou à candidatura
Admite que a candidatura à Câmara Municipal da Nazaré “foi uma decisão muito difícil”. Aponta que “não é um ambiente propriamente desejável. Havia muita traição, muita rasteira, muitas pedras no caminho e isso não faz parte da minha personalidade”.
Apesar de ter tomado a decisão, entre outubro e novembro do ano passado, de defender os interesses públicos até ao final do mandato sem fazer planos de continuar na política, diz ter sido pressionado, “sobretudo depois de terem sido conhecidos os dois candidatos principais, que são os do PS e PSD, por vários amigos e vizinhos para que avançasse com a candidatura”.
“Nós confiamos em si, acreditamos que possa fazer um bom trabalho, precisamos que crie postos de trabalho na Nazaré, que o concelho seja desenvolvido e sabemos que é capaz de o fazer e de defender os nossos interesses”, foram estas as palavras, segundo o próprio, que o motivaram e fizeram com que, deste modo, anunciasse uma candidatura independente à Câmara Municipal.
Foi após verificar a existência de um partido, Partido da Terra – MPT, “que se baseia na defesa de valores humanos, ambientais e de cidadania, tal como a não existência de uma ideologia nem de esquerda nem de direita”, que decidiu apresentar a candidatura e aparecer “com o trevo de 4 folhas para apresentar às pessoas”.
Estão, neste momento, “82 pessoas envolvidas nesta candidatura. São todas independentes, nenhuma é militante de partido nenhum, e há 80 pessoas que nunca tiveram cargos eleitorais, nem nunca tiveram cargos dentro das autarquias”.
Dívidas e as limitações da Câmara
António Salvador sustenta que “a Câmara Municipal da Nazaré está numa situação horrível do ponto de vista financeiro. Está completamente falida”, com uma “dívida identificada de 44 milhões de euros para a Câmara Municipal, exclusivamente, mais cerca de 800 mil euros nos serviços municipalizados e uma dívida que está identificada como falta de justificação das contas da Câmara Municipal”. “A dívida consolidada será a soma destas três partes mais cerca de 7 a 8 milhões de euros, cuja justificação contabilística não se consegue apurar”, sublinha.
Faz notar que “a empresa municipal em 2011, com a gestão do atual candidato do PSD à Câmara Municipal, já tinha 700 mil euros de dívida”.
Levanta vários problemas, tais como as “contas bancárias penhoradas, património municipal que tem sido penhorado, há recentemente uma dívida de mais de 800 mil euros a um banco, há dívidas à segurança social, à caixa geral de aposentações, ao IRS, na retenção do IRS aos trabalhadores que não é entregue nas finanças”, para concluir que “a situação financeira da Câmara Municipal da Nazaré não podia ser pior.”
Subscrição do PAEL
O candidato considera que “não é por acaso que a autarquia tem de se candidatar ao PAEL (Programa de Apoio à Economia Local)”, frisando que “isto não é apoio à economia local, de modo algum, não é para pagar a fornecedores, é para reestruturar a dívida dos municípios”.
Garantindo que não teve alternativa a não ser concordar, pois, se por um lado “sabia que era inevitável fazer a reestruturação financeira porque senão a Câmara deixava de pagar ordenados”, por outro lado “tinha algumas reticências relativamente às condições de adesão a esse programa”.
Quando questionado sobre a reestruturação da empresa municipal caso seja eleito presidente da Câmara da Nazaré, António Salvador afirma que jamais faria “encerrar esta empresa sem resolver o problema dos trabalhadores que aí estão contratados”.
Propostas apresentadas
“Enquanto não houver desenvolvimento económico, mais investidores no concelho e mais empresas instaladas, não é possível aumentar as receitas do município”, garante o candidato do MPT.
Como tal, apresenta propostas para resolver esta situação: “Fazer um encontro internacional de negócios ao longo do ano e um festival internacional que possa promover os produtos e serviços da região”.
Outra ideia seria a “criação de uma unidade de engarrafamento das águas da nazaré”, que já havia sido apresentada à Câmara em 2010, mas “foi chumbada pela maioria PSD e PS”. António Salvador garante que, deste modo, seria possível “ter cerca de 3 milhões de lucro líquido por ano” e isso significaria “um investimento entre 400 a 500 mil euros feito num dos lotes da área empresarial do Valado dos Frades com a criação de uma marca do concelho”.
O candidato frisa que tem uma equipa com competências para gerir a Câmara Municipal porque é constituída por pessoas “que querem transparência na gestão desses órgãos autárquicos e que querem sobretudo que acabem os interesses instalados”.
Tem, por fim, como objetivo, “criar um orçamento participativo para que as pessoas participem diretamente numa parte do orçamento” pois entende que é importante ouvir a população na tomada das grandes decisões.
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