José Joaquim, que fazia parte do Grupo Carnavalesco da Nazaré, decidiu iniciar contactos para a formação de uma grande iniciativa que pudesse desfilar e animar o Carnaval de 1973 na Nazaré, junto da Associação de Escolas de Samba do Estado de Guanabara (Rio de Janeiro), depois do Carnaval de 1972 ter sido “um fracasso quase total”, explicou.
Na Nazaré, a adesão à sua iniciativa foi grande. “Cerca de 600 pessoas fizeram parte desta Escola, que desfilou num único dia, nesse ano”, disse José Joaquim.
O entusiasmo à volta da escola foi grande, tanto na praia como no Brasil, país onde a Escola de Samba da Portela, uma das mais conceituadas, ofereceu à “congénere” da Nazaré instrumentos de precursão, para animar a saída à rua dos sambistas nazarenos. O embarque dos instrumentos para Portugal teve honras televisivas, tendo sido transmitido, em direto, pela TV Globo.
“Nunca se tinha formado, fora do Brasil, uma Escola de Samba. E isso foi largamente noticiado”, recorda José Joaquim.
Os instrumentos chegaram a Lisboa dias depois da saída do Brasil e, ao contrário do previsto, a Escola de Samba da Nazaré teve que pagar 1.750$00, cerca de 8.75€, para os levantar da alfândega.
Enquanto isso, na Nazaré, os ensaios da Escola avançavam a bom ritmo.
Decorriam no Salão da Casa dos Pescadores. Eram coordenados por Maria Manuela Ribeiro de Campos, coadjuvada na missão por elementos do Grupo Carnavalesco.
Fora dos ensaios, preparavam-se os fatos para os participantes.
“Tivemos um traje, igual para todos. Fomos comprar os tecidos a Lisboa, aos armazéns, e não tivemos quaisquer apoios”, disse ainda José Joaquim.
No dia do desfile, domingo de carnaval (1973), a escola de samba saiu à rua e o resultado foi o sucesso. “Encheu as ruas da Nazaré. Foi um desfile imponente que marcou o Carnaval da Nazaré à época”, recorda o fundador da Escola.
Sob o tema “Recordando Carmen Miranda”, a Escola de Samba da Nazaré, cujas rainhas foram Anabela Pinto e Helena Sousinha, conseguiu ser notícia em Portugal e no Brasil, tendo sido, nomeadamente, alvo da atenção de um famoso crítico de televisão e cronista do Diário de Lisboa, Mário Castrim, que fez “uma crítica arrasadora à escola de samba da Nazaré”.
Apesar do sucesso, da projecção e de todo o trabalho, a Escola de Samba não voltou a sair à rua, na Nazaré, pelo Carnaval.
“O espirito de carolice vai enfraquecendo. Começaram a haver mais pessoas a organizar o Carnaval. E, simplesmente, não aconteceu mais”, refere José Joaquim.
Sobre o passado do Carnaval da Nazaré, recorda as diferenças.
“Desfilava-se com ranchos, bandas infernais e poucos carros. O carnaval da Nazaré nunca foi um desfile de carros alegóricos. Havia o dos Reis e pouco mais”.
Criada por José Joaquim Silvério, a escola de samba teve como colaboradores Anibal Freire, José Felismina, João J. da Florência, Emídio Barbosa, José Joaquim Limpinho; José Óscar Freire, Armando Hilário Guincho, Henrique Hilário Guincho, Carlos Laborinho, Elpídio Figueiredo, Américo Matias, Francisco Remígio, Joaquim Talhadas, Emílio Conde, Joaquim Murraças, João Veríssimo E., M. António Peixe, João Tacha, José Luís Santos Ferreira, Jacinto Ascensão e Sr. Ramos (café).
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