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Investigador nazareno lança livro sobre a Pederneira no ano do centenário

“ A Pederneira ainda tem, arriscaria dizer, tudo para dar a conhecer, do ponto de vista histórico, patrimonial, arqueológico e até social”

Clara Bernardino

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Carlos Fidalgo vai lançar, no próximo dia 17 de novembro, uma obra de caráter histórico e científico que nos permitirá descobrir a Pederneira através de três vertentes; as suas igrejas, as migrações sociais e os fenómenos de origem natural, num período temporal de aproximadamente quinhentos anos (séc. XII ao séc. XVII). No ano do centenário do concelho, este investigador da Nazaré não quis deixar de dar o seu contributo para ajudar à reflexão sobre o lugar onde já estiveram instalados o poder político e o poder religioso, com o prefácio do Professor Doutor Pedro Gomes Barbosa, esta obra promete dar que falar, Se, como leitor, pensa que vai encontrar apenas um livro onde estão datadas e documentadas igrejas cujos vestígios desconhecemos, desengane-se, venha connosco e levante o véu de um passado que esconde o lugar onde nasceu o concelho da Nazaré.

RN: A sua dissertação é sobre a Pederneira, o livro que vai lançar, agora, é sobre a Pederneira. Porquê esse fascínio pelo mesmo objeto de estudo?

Realmente, a Pederneira, ou antes, todo o território situado a sul da Pederneira até à zona onde existiu a laguna da Pederneira, onde hoje se encontram os campos de Valado dos Frades e da Cela, sempre despoletou em mim uma enorme curiosidade. Nesse sentido não é nova esta minha vontade de investigar a história da Pederneira onde (não existem grandes dúvidas a esse respeito), terá sido o berço daquilo que hoje conhecemos como o conjunto urbano da Nazaré.

A minha dissertação de mestrado teve como tema, em traços gerais, o povoamento na periferia da laguna da Pederneira desde a presença romana até ao século XII. Este trabalho, não sendo retirado dessa dissertação, abrange um espaço temporal diferente, porque são também diferentes os objetivos. Contudo, os dois acabam por se complementar, numa continuidade de investigação que abrange, dessa forma, um espaço diacrónico muito grande: desde a presença dos romanos nesta zona da Estremadura litoral até ao século XVII.

Estou certo que a Pederneira ainda tem, arriscaria dizer, tudo para dar a conhecer, do ponto de vista histórico, patrimonial e arqueológico, e até social, mas com o tempo e a perseverança necessária não tenho dúvidas que outros investigadores, conforme já foi feito no passado, irão continuar a refletir e debater a Pederneira.

Quanto a mim, pretendo dar continuidade a essa empreendimento, o que já estou a fazer há algum tempo, porque os assuntos são muitos e de relevante importância, embora de difícil abordagem e trabalhosa pesquisa, mas nada se faz sem trabalho e citando um antigo professor meu: “a diferença entre um trabalho sofrível e um bom trabalho está no empenho que colocamos na sua elaboração”.

RN: Por que razão escolheu este tema?

Na verdade este tema não é novo. Há alguns anos que tenho a ideia de escrever sobre esta parte temporal da história da Pederneira. De facto, este era para ser o tema da minha dissertação, mas como não foi, pensei que era necessário “revisitar” toda a informação contida na bibliografia, nas fontes documentais, no terreno e nas pessoas (a quem agradeço toda a disponibilidade e ajuda), e fazer uma análise que pudesse, de certa forma, dar a entender todo um processo de alterações geográficas, sociais, económicas e eclesiásticas, tendo como base fundamental os fenómenos naturais e o efeito dos mesmos no território.

Confesso que aprendi muito com a investigação que fiz, mas devo dizer, em abono da verdade, que muitas dúvidas ainda permanecem e que, com o tempo, espero poder continuar a contribuir para o conhecimento dessa terra tão importante que é a Pederneira.

RN: Não pensa que o título da obra poderá induzir os leitores em erro?

Essa foi uma preocupação minha quando decidi qual seria o título do livro, mas, sabe, que uma das primeiras coisas que se faz num trabalho de investigação é estruturá-lo em volta do objetivo final, da mensagem que se pretende transmitir.

Nesse sentido o título era para ser outro mas, com o decurso da investigação, verifiquei que o vértice do triângulo que compõe este trabalho, igrejas, migrações sociais e fenómenos naturais, eram, de facto, os registos documentais sobre a existência dessas igrejas.

Contudo, o trabalho não pretende explicar a tipologia arquitetónica ou artística das igrejas da Pederneira, nem o poderia fazer por dois motivos: em primeiro lugar, porque devemos escrever sobre aquilo para que estamos habilitados e a História da Arte não é a minha especialidade e, em segundo lugar, porque algumas das igrejas abordadas já desapareceram há muito.

Por isso, como a minha especialidade tem a ver com as questões do povoamento, decidi enquadrá-las temporalmente, relevando a sua importância na fixação das populações.

Assim, todos os que lerem, analisarem e criticarem este trabalho irão perceber que as igrejas são a única evidência documental e física. Com os casos das igrejas de Nossa Senhora dos Anjos, da Igreja Matriz da Pederneira e da Misericórdia, pode-se sustentar uma abordagem como aquela que se apresenta neste trabalho.

Ainda assim, o estudo permite-nos viajar por todo esse conjunto de informação que abre novas perspetivas de discussão, algo que a mim me fascina. Não gosto de trabalhos fechados. Neste tipo de investigação não deverá existir essa ideia, a História é dinâmica e, por vezes, repete-se.

Caberá aos leitores o julgamento deste trabalho que pretende levantar mais questões do que apresentar certezas, daí ser uma análise.

RN: Quanto tempo demorou a fazer a pesquisa e quais as fontes consultadas?

Não faço da pesquisa um ato apriorístico da escrita. Não o torno independente. Investigo consoante a necessidade que vou tendo em sustentar as minhas opiniões ou de confrontar fontes, sejam elas bibliográficas, documentais ou orais.

Por vezes, cai-se no erro de, após uma recolha seletiva e apriorística da informação, não se saber como estruturá-la. Trata-se de uma situação que evito. Prefiro, como disse, ir investigando e escrevendo, até porque muitas vezes a estrutura inicial, aquela que tínhamos estabelecido, acaba por sofrer alterações e derivações, fruto, exatamente, da trajetória que a investigação acaba por tomar. Acresce a esse facto o gostar de “andar no terreno”, de falar com pessoas mais idosas e sabedoras, com as quais aprendemos sempre muito. Mesmo que estejamos a falar de períodos históricos remotos, existe sempre algo que interessa, que nos faz abrir a mente e descobrir.

Passo muito tempo na Pederneira, exatamente a discutir hipóteses, a visitar locais, a observar o terreno, a tentar perceber aquilo que os livros dizem e o que me é transmitido por via da memória coletiva. Aprende-se muito mesmo. Temos de ter a humildade para reconhecer isso e assumir que as pessoas são a maior enciclopédia que existe.

Respondendo, finalmente, à sua pergunta devo dizer que sou muito lento a escrever, leio e releio as coisas dezenas de vezes e, como tal, este trabalho demorou cerca de um ano a redigir.

Quanto às fontes utilizadas, como já referi, incidiram fundamentalmente na bibliografia, alguma dela coeva e nas fontes documentais impressas e não impressas, como os registos notariais e, em particular, os assentos de óbito.

RN: Por que motivo escolheu este momento para o lançamento da obra?

Acho que o centenário do concelho da Nazaré é um período de celebração, ainda que seja apenas no aspeto toponímico. E, embora a data seja apenas uma coincidência, como tive a possibilidade de editar este livro ainda este ano, fico muito feliz, como nazareno, em poder contribuir com este meu estudo para esse acontecimento.

RN: Onde será feito o lançamento da obra?

O lançamento do livro será feito no Hotel Praia, no dia 17 de Novembro, pelas 18:00. Aproveito a oportunidade para agradecer publicamente ao Grupo Araújo e Santos e em especial ao Dr. António José Eusébio Santos, que, desde o primeiro momento, disponibilizou o espaço para este efeito.

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