“A onda veio por detrás e apanhou-os desprevenidos, levando o barco a arrear. A água começou a entrar e a encher em poucos segundos”, relatou Luís Marques, proprietário há cerca de dez anos do “Mar-Alto”, com sete metros de comprimento, registada na delegação marítima de São Martinho do Porto.
Era cerca do meio-dia e meia, já com a manhã de trabalho quase cumprida para o regresso a terra, na altura em que se encontravam a sul de São Martinho do Porto, próximo do pesqueiro designado por “Almeirão”, em Salir do Porto, pertencente às Caldas da Rainha.
“Apesar do susto ninguém entrou em pânico e como todos sabemos nadar bem safámo-nos até terra, ultrapassando as dificuldades”, contou o mestre João Paulo, de 47 anos, de Alfeizerão, que foi o único que acabou por ser assistido no quartel dos bombeiros voluntários de São Martinho, por apresentar níveis de glicemia baixos.
Os restantes tripulantes – José Pedro, de 54 anos, e José António, de 60 anos, de Ferrel (Peniche), Tito Carvalho, de 35 anos, de Caldas da Rainha, e Luís Pérsio, de 26 anos, de São Martinho do Porto – não careceram de qualquer assistência.
O barco foi rebocado até ao cais de São Martinho do Porto pela Polícia Marítima, com ajuda de mergulhadores dos bombeiros de São Martinho do Porto e uma mota de água dos bombeiros das Caldas da Rainha.
As operações para retirar o barco para terra demoraram mais de duas horas. A água que estava dentro do barco foi extraída e depois a embarcação içada por um guindaste.
Perderam telemóveis e carteiras
Os tripulantes não tiveram tempo de ativar o pedido de socorro e também perderam os telemóveis, para além das carteiras. O alerta para o naufrágio só chegou à capitania do porto da Nazaré quase duas horas depois, após outra embarcação que passou no local ter comunicado o sucedido.
A Polícia Marítima vai abrir um inquérito para apurar as causas do acidente, que o comandante da capitania da Nazaré, Albuquerque e Silva, admite que possa ter sido provocado por excesso de algas a bordo, que terá levado a embarcação a ficar mais vulnerável à ondulação.
Na altura do acidente o “Mar-Alto” já tinha apanhado cerca de quatro toneladas de algas. Embarcações que navegaram no local recuperaram perto de três toneladas. O produto é vendido a uma fábrica do Barreiro. A apanha é uma prática tradicional em São Martinho do Porto, entre julho e dezembro.
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