A comunicação dos CTT chegou à junta de freguesia uma semana antes da entrada em vigor da medida. António Guilhoto, diretor de gestão de serviço a clientes do Centro Sul dos CTT, justificou que a decisão deve-se “ao período de férias e à menor afluência de clientes às estações de correios”, o que “torna necessário ajustar a oferta de atendimento com melhor eficácia de recursos”.
O presidente da junta de freguesia, Rui Rocha, contrapôs numa carta enviada ao conselho de administração da empresa, em que argumentou que o fecho da estação acontece “precisamente no horário em que a população mais dela necessita”.
“A atitude economicista não tem fundamentação, uma vez que os CTT apresentaram lucros de vários milhões de euros. Perante o panorama de recessão que o país atravessa e o nível de desemprego existente, os CTT, como empresa de capitais exclusivamente públicos, deveriam ser os primeiros a dar o exemplo, contratando trabalhadores para fazer face ao período de férias, reduzindo assim os desempregados”, sustentou o autarca.
A comissão de utentes da estação dos CTT de Santa Catarina também manifestou a sua “contestação e repúdio” pela decisão de reduzir o horário de funcionamento dos correios.
A comunicação dos CTT é encarada como “vergonhosa e até mesmo insultuosa”, porquanto “nenhuma empresa ou pessoa tem um período de férias de três meses e meio”.
No entender da comissão, “o horário comunicado não serve a ninguém”, pois “um trabalhador que necessite dos serviços terá de perder tempo de trabalho para poder ir à estação”.
“As empresas fazem o seu expediente à tarde, depois de tratar o correio recebido de manhã, assim como o envio de encomendas produzidas durante o dia de trabalho. A resposta ao correio terá um atraso de pelo menos um dia útil, não podendo ser enviada no mesmo dia”, sublinhou.
Tanto a comissão como a junta de freguesia relataram o caso à ANACOM – Autoridade Nacional de Comunicações.
“Isto é uma ideia premeditada para fechar a estação”
Rui Rocha não tem dúvida: “Os CTT fazem um balanço anual das suas estações e se o volume de negócios no final do ano não justifica um funcionário partem para o encerramento. Isto é uma ideia deles premeditada porque três meses e meio é um quarto de ano sem resultados. Logo ficam com provas concretas para poderem fechar”.
O autarca admite apenas uma “tolerância de quinze dias em agosto”, altura em que as indústrias de cutelaria – principal atividade económica da freguesia – encerram. “Houve um ano em que fecharam dez dias úteis e no ano passado só abriram da parte da manhã em agosto”, indicou.
Os empresários estão preocupados. Dizem que a alternativa é irem à estação dos correios da Benedita, a qual alegam que não tem capacidade de resposta, para além das despesas de deslocação.
“Os funcionários das fábricas só têm uma hora de almoço, do meio-dia à uma, e saem normalmente às cinco ou cinco e meia da tarde. Todos os serviços que os funcionários precisam, sem a estação a funcionar regularmente, levam-nos a perder horas de trabalho. Os correios estão completamente em contraciclo com a realidade de Santa Catarina, que tem crescido e está-se a desenvolver, exigindo mais e melhor serviço, mas até os carteiros vêm das Caldas, chegam muito tarde e perde-se muito correio e trocas de cartas porque eles não conhecem as pessoas”, relatou Vasco Matias, responsável da empresa Curel e elemento da comissão de utentes, que juntamente com outros membros – Ivone Silva, porta-voz da comissão, António Norte, da empresa Ciol, e Cristina Carvalho, empresária – participaram numa conferência de imprensa na junta de freguesia, na passada quinta-feira, onde deram conta da sua insatisfação.
A comissão de utentes, constituída em 2007 quando houve a tentativa de agenciamento particular dos serviços de correio, ainda se mantém em funcionamento e continua a rejeitar a concessão a privados, cujo interesse pela estação de Santa Catarina não desapareceu.
O atual horário da estação é das 9h às 12h30 e das 14h30 às 18h, assegurado por um funcionário rotativo. Para além da freguesia de Santa Catarina, que tem 3027 residentes, servem-se da estação dos CTT os habitantes das freguesias vizinhas de Carvalhal Benfeito, Vimeiro e de algumas povoações de Alvorninha.
“Quanto mais pressão fizermos mais atenção nos darão”, sustenta o presidente da Junta.
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