«Vender carapau e cavala a 7 e 8 cêntimos o quilo envergonha a classe piscatória e todos nós», disse o vereador António Trindade, que levou este assunto à reunião de Câmara.
De acordo com o vereador, «a Lota da Nazaré está a praticar os preços mais baixos do país», o que estará a provocar uma «situação dramática» aos que vivem do que o mar dá.
Jorge Barroso, presidente da Câmara Municipal, reconhece que a situação actual não é a desejável.
Apesar dos valores pagos aos pescadores, o preço pago pelos consumidores pelo peixe, nos supermercados, continua a ser bastante elevado.
Para o responsável pela Mútua dos Pecadores da Nazaré, João Delgado, «foi desde a liberalização deste tipo de mercado, dos bens transaccionáveis, na década de 90, que se verificou o grande desequilíbrio dos preços, com as superfícies comerciais a ditarem a ordem e os produtores a suportarem as campanhas de promoções».
Sobre os preços praticados pela Lota, João Delgado fala em escândalo, e volta a falar na necessidade dos produtores se organizarem melhor.
Embora insista na urgência de uma política séria do Governo para o sector das pescas, João Paulo Delgado defende que a reorganização dos trabalhadores numa estrutura forte, «capaz de criar estruturas onde possam armazenar o peixe nas épocas de grande abundância para venderem nas épocas de fracos recursos», pode ajudar os produtores a terem mais capacidade de resposta e poder negocial.
Os baixos rendimentos e os elevados custos com combustíveis têm sido alguns dos argumentos apontados pelas organizações do sector para o crescente desinteresse dos jovens pela Pesca. A actividade é, cada vez mais, dinamizada por pescadores de idade e na reforma, que vêm na pesca um complemento da pensão.
João Paulo Delgado garante que o «futuro do setor pode estar em risco», a continuar o afastamento dos jovens da pesca.
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