EDITORIAL Maria Clara Bernardino Uma, duas, três, quatro … doze badaladas. Meia-noite. Feliz Ano Novo! A rolha de champanhe salta, ouve-se o tilintar dos copos, comem-se as passas à pressa. Enumeram-se, mentalmente, os desejos que não se realizaram no ano anterior e que, tal como nós, também devem fazer a passagem. Este é o ritual que fazemos todos os anos. Antes, corriam-se as ruas das aldeias e das vilas a cantar as janeiras, desejando a todos um bom ano. Mas, fazia-se a cantar, à desgarrada.
Hoje, já não se ouvem cantar as janeiras. Substituiu-se este ritual diurno pelo nocturno do Réveillon. Também há cantorias. Há música e foguetes no ar. No chão fica o desencanto da festa: as garrafas partidas; algum sangue de alguma rixa; o “tinoni” das ambulâncias e o sabor amargo que levamos na boca, sempre igual, porque apesar do ritual, nada mudou. Depois da festa, do álcool a rodos, da euforia, chega o cansaço físico e psicológico da montanha que pariu um rato… Mudou alguma coisa nas nossa vidas? Ou terá sido a passagem de ano uma espécie de Carnaval para expurgar os nossos pequenos demónios? Varrida a festa, o que nos reserva o novo ano? Medo? Incertezas? O povo, na sua secular sabedoria, costuma dizer que “a necessidade aguça o engenho”. O panorama político, social, financeiro do nosso país não é animador. Mas, apesar de continuarmos os mesmos, depois da passagem de ano, com os mesmos problemas, as mesmas dúvidas, os mesmos amigos e inimigos, há sempre um sentimento que surge mais fortalecido nos primeiros dias de Janeiro – a esperança. Não sei se a encontraram nas festas, mas com certeza deixou uma marca da sua presença nas nossas casas e nos nossos corações. A todos os nossos leitores, um Bom Ano de 2011!
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