Terá a arte sítios próprios?

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Reportagem Foi inaugurado, em S. Martinho do Porto, na recta final do ano de 2010, o único posto de abastecimento de combustível da região com um mural. A obra tem a assinatura de Maria da Conceição Simões, professora de EVT (Educação Visual e Tecnológica) na Escola Básica 2,3/ Sec. de S. Martinho do Porto. Clara […]
Terá a arte sítios próprios?

Reportagem

Foi inaugurado, em S. Martinho do Porto, na recta final do ano de 2010, o único posto de abastecimento de combustível da região com um mural. A obra tem a assinatura de Maria da Conceição Simões, professora de EVT (Educação Visual e Tecnológica) na Escola Básica 2,3/ Sec. de S. Martinho do Porto.

Clara Bernardino

Se ainda não viu esta obra de arte, poderá fazê-lo sempre que precisar de abastecer o seu veículo e decidir fazê-lo nas “bombas” do Intermarché de S. Martinho do Porto. O mural de 232m2 em tons de amarelo e azul surge perante os nossos olhos como uma “tela” gigante em que os motivos geométricos são sempre diferentes. Só que esta obra de arte não está exposta em nenhuma galeria; bem pelo contrário: está exposta aos olhos de todos os que por ali passarem, ou simplesmente para os que no corre-corre das compras lançarem um olhar curioso para o trabalho de uma artista que deu vida ao seu primeiro mural. O projecto nasceu de um desafio lançado pelo Dr. David Madeira, gerente do Intermarché de São Martinho do Porto que questionou a autora do mural sobre a melhor forma de pintar o espaço circundante do estacionamento da superfície comercial, sugerindo pinturas de crianças no posto de abastecimento de combustível. Segundo as palavras da docente, não reagiu imediatamente, mas, nessa mesma noite fez o projecto da sua parte do mural, com dois conjuntos de cores diferentes, pois se fosse aprovado, já se poderia optar pela cor. Para pintar os muros do estacionamento, a professora sugeriu que se fizesse o convite ao agrupamento da Escola de São Martinho para, de forma organizada, cada escola gerir o espaço que lhe cabia. O gerente do Intermarché, Sr. David Madeira, sugeriu temas sociais como a liberdade e a solidariedade, a não discriminação, a amizade e a preocupação ambiental. A proposta foi levada ao Conselho Pedagógico, baixou ao Conselho de Docentes (1º ciclo) e foi feito o convite à Fundação Manuel Francisco Clérigo, de forma a que as crianças mais pequenas também pudessem participar. Coube à professora Conceição coordenar os trabalhos das escolas e fazer a “ponte” com o Intermarché que ofereceu t-shirts às crianças do agrupamento e Fundação, bem como as trinchas e a tinta. Quanto ao mural que abraça o recém-inaugurado posto de abastecimento de combustível, a obra vai ser registada no I.G.A.C. (Instituto de Gestão de Actividades Culturais). Este é o primeiro muro da artista que apresentou o projecto apenas para 5 metros, quando a extensão do muro é de 68,70m. “São 232 m2 completamente diferentes uns dos outros”. A única condição que impôs foi “ não ter prazo”. Pouco a pouco, depois das aulas, aos sábados, domingos e feriados, a obra foi tomando forma e cor. A artista começou a pintar no dia 3 de Abril e deu as últimas pinceladas a 19 de Dezembro. Confessou nunca antes ter subido a um andaime, mas isso não foi motivo para hesitação ou medos. A pintura vai ser protegida com verniz protector fixante que, durante 8 anos, protegerá a cor, ao mesmo tempo que fixa a tinta. Esta aventura artística permitiu à “professora São” conhecer “muita gente gira, quer portuguesa, quer estrangeira. De gente nova abaixo dos 30 anos, não tive uma falta de educação”, salientou, acima dos 30, viu e ouviu de tudo, desde saltarem os cães para eles se aliviarem junto ao mural, até ofensas verbais. Para esta professora- artista, “foram meses cheios de histórias”, mas mostra a sua preocupação: “Se os pais mostram falta de educação, o que farão os filhos?”. Àqueles que questionam sobre a arte mural num posto de abastecimento responde “Porque é que a arte há-de ter sítios próprios para estar?” Quando o muro “descascar”, já que o betão nunca esteve totalmente seco, promete voltar a pintá-lo, tornado, assim, o posto de abastecimento do Intermarché de São Martinho do Porto numa obra de arte viva.

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