Continuam a haver comboios Carlos Barroso Apesar de estar encerrada há cerca de quatro anos, a população de Valado dos Frades não se conforma com o encerramento do edifício da Estação de Caminhos de Ferro. Defendem que o facto do prédio estar fechado, muitas pessoas julgam que não há comboios. Os comerciantes reclamam para que as portas sejam abertas uma vez que os turistas, principalmente, ao verem que as portas estão fechadas, julgam que não passam comboios na Linha do Oeste. São os comerciantes que vão metendo conversa com os turistas e explicam-lhes que há comboios, mas não há venda de bilhetes. Por esse facto uns vão esperando pela locomotiva e outros acabam por seguir viagem a pé, até à estação de autocarros ou mesmo de táxi.

José Cordeiro, taxista há dez anos em Valado dos Frades, após o fecho do edifício da estação que o trabalho diminuiu consideravelmente. “Temos muito menos trabalho. Desde que a estação fechou que não se vê ninguém. De vez em quando aparecem aqui uns turistas, mas não tem nada a ver com o trabalho que tínhamos quando havia aqui venda de bilhetes. Levávamos pessoas e trazíamos pessoas da praia e para Alcobaça, agora nada disso acontece. O que nos vale é termos alguns clientes certos. Isto assim, está um caos”, lamenta. Segundo o taxista, o edifício da CP encerrou depois de os funcionários terem sido convidados a reformarem-se. Actualmente apenas vem uma funcionária abrir as portas e faz a gestão do espaço, mas ainda assim é pouco já que as casas de banho como estão fechadas, as pessoas fazem as necessidades na rua. “Eles arranjaram o edifício todo, mudaram as portas e janelas e isto ficou bonito. Pouco tempo depois fechou. Não se percebe”, disse José Cordeiro que destaca a falta de higiene nas casas de banho. “Aquilo é cheiro que não se pode. As pessoas fazem as necessidades na rua. Não há manutenção nenhuma”. Ainda segundo o taxista os comboios apesar de serem poucos, são os mesmos, mas se não estiverem ninguém na estação, as pessoas que desconhecem o encerramento do edifício vão-se embora porque não tem qualquer informação que diga que há comboios a circularem, já que a limpeza da linha dá ares de que está abandonada, com ervas com mais de um metro de altura. “As pessoas não sabem e não se vêem horários visíveis. Assim vão-se embora e nós também perdemos os clientes e Valado dos Frades perde, assim como Alcobaça e Nazaré”, desabafa. Recentemente a Junta de Freguesia de Valado dos Frades mostrou disponibilidade de tomar posse dos Jardins da Estação de Comboios, por estes se encontrarem “abandonados”. José Manuel Santos, presidente da Junta já formalizou o pedido à REFER, estando a resposta da empresa Caminhos-de-Ferro a ser analisada neste momento pelos serviços jurídicos da autarquia da Nazaré. Em princípio será formalizado um protocolo, onde a Junta de Freguesia se comprometerá a cuidar e manter o jardim, assim como os sanitários da estação, que são utilizados pelos utentes da linha ferroviária do Oeste. Há cerca de um ano o vereador da Câmara Municipal da Nazaré António Salvador, mandou notificar a REFER devido ao estado de degradação das instalações da estação, invocando o interesse patrimonial do imóvel. Numa missiva que tem ainda como subscritores dois moradores de Valado dos Frades, Carlos Ramos e Alberto Santos, o vereador demonstra “insatisfação e desgosto com o triste panorama que se depara a Estação dos Caminhos-de-Ferro, pois está completamente ao abandono. O jardim é um matagal onde ervas e silvas predominam. Os sanitários depois de terem sido arranjados foram fechados e são um atentado contra a saúde pública”, lê-se no documento enviado à REFER.